A redução da atividade económica devido à covid-19 originou uma melhoria de vários indicadores ambientais em Portugal. O país consumiu menos energia e emitiu menores quantidades de combustíveis fósseis na indústria e transportes, embora a pegada deixada pelas famílias tenha sido, em alguns parâmetros, maior. A qualidade do ar também melhorou.
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Segundo a edição de 2020 das Estatísticas do Ambiente, divulgada esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a "menor pressão sobre o ambiente" traduziu-se numa diminuição global das emissões de queima de combustíveis em 21,9%. O consumo de energia desceu 3,8% e a de gás natural caiu 9,4%.
Na indústria e outras atividades económicas, Portugal registou uma diminuição de 8,2% ao nível do consumo de eletricidade entre janeiro e setembro.
As emissões de gases poluentes (nomeadamente dióxido de carbono) caíram 21,9%, o consumo de gás natural desceu 11,9% e, no caso do gasóleo, a quebra foi de 15,4%. Quanto à produção de resíduos setoriais - relativa apenas ao primeiro semestre -, decaiu 3,9%, para um total de 6 milhões de toneladas.
Confinamento obriga famílias a consumir mais energia
Devido a fenómenos como o confinamento ou o teletrabalho, alguns destes indicadores conheceram uma tendência contrária no caso das famílias. No entanto, segundo o relatório, a diminuição do consumo de gasolina (-18,3%) e das emissões poluentes (-6,3%) deverá ter "superado o impacto negativo" que o maior tempo passado em casa teve no consumo energético.
Ainda assim, o consumo de eletricidade pelas famílias aumentou 7,5% e o de gás natural subiu 11%. A produção de resíduos urbanos entre janeiro e junho aumentou 4,7%, para 2,2 milhões de toneladas. A recolha nos ecopontos subiu 12,9% (192 mil toneladas ao todo).
Nos transportes aéreos, o número de passageiros caiu 67,7% e o consumo de energia baixou 60,9%, o que contribuiu para uma quebra de 56,6% das emissões de dióxido de carbono entre janeiro e setembro.
Quanto ao índice de qualidade do ar, os centros urbanos estiveram, em média, menos seis dias nas zonas e nível "mau" e "fraco" do que no ano anterior.