As pessoas com mais dificuldades económicas foram as que mais adotaram um comportamento alimentar não saudável, ao longo do último ano de pandemia, revela um estudo da Direção-Geral da Saúde este sábado, Dia Mundial da Alimentação.
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Também os estudantes estão entre os que comeram pior, revela um inquérito sobre alimentação e atividade física em contexto de pandemia (React-Covid), desenvolvido pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
A Ordem nos Nutricionistas reagiu em comunicado, afirmando que a pandemia "agravou as desigualdades na alimentação". "Este estudo vem provar, à semelhança de outros, que os erros alimentares seguem uma gradação social: quanto mais baixa a posição social, pior o consumo alimentar", lê-se.
A DGS conclui que "os hábitos alimentares e de atividade física dos portugueses alteraram-se ao longo dos primeiros 12 meses de pandemia, sendo que 58,2% consideram que mudaram para melhor. O estudo, realizado em dois períodos distintos, nos anos de 2020 e 2021, em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, teve uma amostra de 4930 indivíduos, com 18 ou mais anos. Os resultados apontam que 36,8% reportaram ter mudado os seus hábitos alimentares, face ao período pré-pandemia.
Destas, 58,2% têm a perceção de que mudaram para melhor e 41,8% para pior. Passaram a recorrer a refeições take-away (32,2%) e a consumir mais snacks salgados e doces (26,3%) e enlatados, mas também mais água (22,3%), hortícolas (18,6%) e fruta (15,2%), factos que a DGS enaltece e atribui ao facto de se realizarem mais refeições em casa (33,4%). Quanto às mudanças menos positivas, a DGS atribui às variações no apetite motivadas por razões emocionais (24,9%).
Mais sedentários
Cerca de 46,4% dos inquiridos passaram mais de sete horas por dia sentados. 36,5% entre três horas e seis e apenas 17,1% da população até três horas por dia.
35,9% ganhou peso
Durante os primeiros 12 meses da pandemia, 35,9% dos portugueses dizem ter sentido aumento de peso, 45% mantiveram e 19,1% conseguiram diminuir. 54,3% dizem ter bons níveis de atividade física.
Na reação a este estudo, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, insiste que "o acesso a alimentação adequada é um direito humano. Exige-se uma abordagem multissectorial e essencialmente política, destacando-se a importância de todos os decisores políticos dos diversos setores intensificarem medidas com potencial impacto na melhoria dos hábitos alimentares da população para garantir que todos os portugueses - todos sem exceção -, tenham acesso a uma alimentação justa, equilibrada, sustentável e saudável", salientou.