Confinamento despertou as pessoas para a importância de terem espaços de natureza perto das suas casas, onde possam praticar desporto, caminhar ou apenas conviver em segurança. No Norte, municípios como Porto, Gondomar e Marco de Canaveses estão a aumentar a oferta de parques urbanos.
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São os pulmões das cidades e, após o confinamento imposto pela pandemia, passaram a merecer uma especial atenção por parte dos habitantes. A garantia é de Francisco Ferreira, dirigente da associação ambientalista Zero, que garante ter recebido "inúmeras mensagens" de pessoas que não se tinham apercebido de que o facto de haver menos tráfego automóvel e espaços verdes próximos das suas casas contribui para o seu descanso. E isso "ficou bem visível, tal como a diversidade que a própria natureza acabou por ganhar, face à redução do movimento", diz. Além disso, "estando as deslocações limitadas, quem estava junto de um espaço verde percebeu claramente as vantagens, quer do ponto de vista da saúde, quer do ponto de vista do distanciamento", nota o dirigente da Zero.
Neste contexto, o Norte é o exemplo da crescente aposta em espaços naturais no meio urbano. Filipe Araújo, vereador da Inovação e Ambiente da Câmara do Porto, destaca que a "estratégia ecológica" da Invicta "está bem visível" e tem tido uma aceitação generalizada por parte dos portuenses, que, após o confinamento, dão ainda mais valor às áreas verdes. "Quando foi inaugurado o passadiço do Parque Oriental do Porto, por exemplo, houve uma apropriação muito rápida por parte das pessoas", refere, sublinhando que a aposta do município nas áreas verdes foi "validada pela procura na fase de desconfinamento".
Aos 62 anos, Alberto Rodrigues, enquanto passeia pelo Parque da Cidade, acompanhado pela neta, Lara, de 8 anos, confessa: "Estamos fartos de cimento e durante o confinamento senti falta das caminhadas. Estes passeios são bons para estar em contacto com a natureza e sair da confusão".
Um Porto verde e resilente
Segundo Filipe Araújo, "o Porto aspira a ser uma cidade verde e resiliente". Num município em que "atualmente existem 22 metros quadrados de espaços verdes por habitante", o objetivo é "duplicar" essa área. Sendo essa, aliás, "uma das principais ambições do próximo PDM". "Recuperar os espaços existentes, criar corredores, recuperar as ribeiras, expandir a área verde e aumentar o número de árvores na cidade" são algumas das medidas já em curso. Sendo que há alguns projetos que, pela sua dimensão, saltam à vista. É o caso do futuro Parque Central da Asprela, um pulmão verde de seis hectares que está a nascer no campus universitário. "Além de ser uma zona para usufruto dos habitantes, vai contribuir para reduzir as cheias na Ribeira da Asprela, observa, acrescentando que, num concelho "com uma população tão densa", há que criar soluções para colmatar a falta de espaço. No Terminal Intermodal de Campanhã, por exemplo, "a maioria" do espaço, cuja área verde total é de cerca de cinco hectares, será "sob a forma de cobertura".
Em Gondomar, o município tem investido numa rede concelhia de Parques Urbanos. O primeiro destes espaços a ser inaugurado foi o Parque Urbano de Rio Tinto, em 2018. Atualmente, está a ser construído o Parque de Fânzeres/São Cosme, que terá seis percursos pedonais e um passadiço ao longo do rio Torto. A obra deverá estar concluída até ao final deste ano. Já o projeto do Parque Urbano de Gondomar, está em fase de concurso público e terá equipamentos para ginástica sénior, um parque infantil e um anfiteatro ao ar livre. Até ao final do próximo ano, deverá ter início a construção dos parques urbanos de Ribeira da Archeira, São Pedro da Cova e o Parque Urbano e Desportivo de Ramalde. A lista integra ainda os parques urbanos de Medas, da Nascente do rio Torto e do Monte Crasto. Para Marco Martins, presidente da Câmara de Gondomar, estes nove equipamentos serão "fundamentais para concretizar a mudança da cidade do betão para o verde e garantir a qualidade de vida e do futuro".
Território verde por natureza
Na mesma linha, Cristina Vieira, presidente da Câmara de Marco de Canaveses, diz que, "ao verem-se confinadas, as pessoas perceberam que os espaços de lazer ao ar livre são fundamentais". Num concelho que tem "um território verde por natureza", as serras da Aboboreira e de Montedeiras são alguns dos locais mais visitados. Nesta última, há agora um novo parque de merendas, inaugurado em junho.
Ainda este ano, deverá iniciar a construção do Parque Urbano de Marco de Canaveses. "Será uma grande mancha verde, com 1,47 hectares mesmo no centro da cidade". Terá várias espécies arbóreas, circuitos pedestres, equipamentos infantis, parques de jogos, uma praça central e um anfiteatro.