O ano de 2024 vai voltar a ficar marcado por um aumento generalizado de preços a pagar pelos consumidores pelos serviços que usam no dia a dia, apesar da desaceleração da inflação, que em novembro se fixou nos 1,5%.
Corpo do artigo
Pão
O preço do pão vai voltar a subir no próximo ano face aos aumentos dos custos de produção, indicou à Lusa a Associação do Comércio e da Indústria da Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP).
"Terão que ser feitos ajustamentos aos preços de venda, de forma a mitigar os aumentos nos custos dos fatores de produção", antecipou, em resposta à Lusa, o presidente do Conselho Fiscal da ACIP, Helder Pires, sem precisar valores.
Além do preço das matérias-primas, os custos com os salários têm penalizado o setor, que assinala também dificuldade em contratar mão-de-obra.
Eletricidade
O preço da eletricidade vai aumentar em 3,7% em janeiro, no mercado regulado, face a dezembro, um valor superior ao que a ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos previa em outubro.
Este aumento das tarifas transitórias de venda a clientes finais abrande os "que permaneçam no mercado regulado (que representam 6,3% do consumo total e 936 mil clientes, respeitantes ao final de outubro de 2023), ou que, estando no mercado livre, tenham optado por tarifa equiparada".
No que diz respeito à variação média anual das tarifas transitórias de venda a clientes finais em Baixa Tensão Normal (BTN) esta é de 2,9%, sendo que "estes acréscimos estão em linha com a inflação prevista para 2024, o que representa uma variação nula em termos reais", indicou.
"Este acréscimo tarifário, superior ao anunciado em outubro, deve-se a um maior diferencial de custo da produção com remuneração garantida (PRG), do que o inicialmente previsto", justificou o regulador.
No mercado liberalizado, apenas a EDP Comercial anunciou que, a partir de janeiro, vai reduzir a componente 'energia' em 21% face às "condições mais favoráveis" do mercado na tentativa de mitigar o aumento das tarifas de acesso às redes, mas sem antecipar as tarifas finais.
Gás
As tarifas do gás natural para as famílias no mercado regulado aumentaram 0,6% em outubro, face aos preços praticados em setembro.
Já face ao preço médio do ano gás anterior (2022-2023), os consumidores em mercado regulado sofreram um acréscimo médio de 1,3% no preço de venda final.
Este aumento implicou uma subida média mensal entre dez e 15 cêntimos para as duas categorias mais representativas de clientes, um casal com dois filhos e um casal sem filhos, respetivamente.
A Galp, por sua vez, aumentou os preços em média em 4%, enquanto a EDP desceu o preço do gás em cerca de 20%, a partir de outubro.
Rendas
As rendas vão ser atualizadas em 6,94% em 2024, o valor mais alto desde 1994, com a subida a ser parcialmente atenuada pelo reforço do apoio aos inquilinos e da parcela das rendas que pode reduzir o IRS.
Ao contrário do que sucedeu em 2023, em que a subida das rendas ficou limitada a 2%, em 2024 estas podem aumentar em linha com o indicador de inflação que serve de referência para a sua atualização e que, segundo o valor apurado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), é de 6,94%.
Para alguns inquilinos a subida poderá, no entanto, ser mais acentuada já que a lei permite ao senhorio somar a este valor o dos dois anos anteriores -- caso tenha optado por não atualizar as rendas em 2022 e 2022.
Nestes casos, aos 6,94% podem, assim, ser somados, os 2% permitidos em 2023 e os 0,43% relativos ao ano anterior. Mas pode também suceder que não haja aumento, já que a atualização das rendas não é obrigatória e o senhorio pode optar por não o fazer.
Portagens
A inflação que serve de referência à atualização anual das portagens aponta para um aumento de 1,94% em 2024, ao qual deve somar-se 0,1% que as concessionárias podem aplicar como compensação pelo limite à subida de preços que lhes foi imposto em 2023.
Assim, a conjugação da taxa de inflação que serve de referência ao aumento das portagens com a contrapartida prevista, resulta num aumento de 2,04%, o que corresponde a menos de metade da subida observada em 2023.
Mas a chegada do novo ano trará também reduções de preços, sobretudo de portagens em vários lanços e sublanços de antigas SCUT no interior e no Algarve.
Transportes
A CP -- Comboios de Portugal anunciou hoje os novos preços para 2024, com uma subida média de 6,25% nos bilhetes para o Alfa Pendular e o Celta e de 6,43% nos restantes.
De acordo com o aviso publicado pela CP, "o valor das assinaturas e dos passes não sofre qualquer alteração".
Com as novas tarifas, em vigor a partir do dia 01 de janeiro, um bilhete de Alfa Pendular entre Lisboa e Porto, em segunda classe, só ida, por exemplo, passa de 31,90 euros para 33,90 euros.
Já o mesmo percurso mas no Intercidades, passa a custar 26,85 euros, face aos atuais 25,25 euros.
Já os passes Navegante, para circular na Área Metropolitana de Lisboa (AML), vão manter o preço em 2024, mas para quem não tem passe mensal andar de metro na capital vai ficar mais caro: as novas tarifas para os títulos ocasionais serão atualizadas em 01 de janeiro e, no caso do bilhete de Metro (e da Carris, se comprado em antecipação), passará a 1,80 euros, quando até aqui custava 1,65 euros, o que representa um agravamento de 9% ou 15 cêntimos.
Telecomunicações
Os três principais operadores de telecomunicações Meo (Altice Portugal), NOS e Vodafone Portugal vão aumentar os preços no próximo ano, depois de há um mês o regulador Anacom ter pedido "contenção" na subida.
De acordo com informação disponível no 'site', a Meo "irá atualizar os seus preços de acordo com as condições contratuais em vigor". No que respeita às mensalidades de serviços pós-pagos móveis, a atualização entra em vigor a 01 de janeiro de 2024, com o valor mínimo contratualmente previsto de 50 cêntimos com IVA.
Em 01 de fevereiro, será feita a atualização das mensalidades de serviços fixos com televisão e convergentes.
"Aos cartões móveis adicionais será aplicado o valor mínimo contratualmente previsto de 50 cêntimos (com IVA)", lê-se no 'site' da Meo.
Por sua vez, a NOS explica que "o contexto inflacionista tem vindo a agravar os custos do setor das comunicações" e que, neste contexto, "atualizará o preço dos serviços" segundo o IPC.
"Esta atualização incide sobre as mensalidades de serviços bem como as tarifas extra 'plafond'" e "os novos preços entrarão em vigor a 01 de fevereiro de 2024 e cada cliente poderá consultar a sua atualização específica no 'site' da NOS, a partir de 23 de janeiro de 2024", adianta.
Também a Vodafone Portugal refere, no seu 'site', que vai atualizar o preço dos seus serviços de telecomunicações, a partir de 01 de fevereiro de 2024, sendo o aumento calculado através do IPC.