A comissão bilateral permanente da Santa Sé e do Grão-Rabinato de Israel, no final da sua reunião da passada quarta-feira, enalteceu a visita que o Papa Bento XVI realizou, há oito dias, à Sinagoga de Roma.
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O Papa reafirmou ali "o compromisso da Igreja Católica no diálogo e na fraternidade com o povo judeu", condenando, "de forma inequívoca, o antijudaísmo e o anti-semitismo".
Defendeu, naquela visita, que o Vaticano ajudou os judeus, muitas vezes de forma "escondida e discreta", durante a II Guerra Mundial. Abordou também a questão da Shoah: "Como não recordar os judeus romanos que foram retirados das suas casas, diante destes muros, e com horrenda tortura foram mortos em Auschwitz? Como seria possível esquecer os seus rostos, os seus nomes, lágrimas, desespero de homens, mulheres e crianças?"
"O extermínio do povo da Aliança de Moisés, antes anunciado, em seguida sistematicamente programado e realizado na Europa sob o domínio nazi, chegou naquele dia tragicamente também a Roma. Infelizmente, muitos foram indiferentes, todavia muitos, também entre os católicos italianos, sustentados pela fé e pelo ensinamento cristão, reagiram com coragem, abrindo os braços para socorrer os judeus perseguidos e fugitivos, muitas vezes arriscando a própria vida, e merecendo uma gratidão perene", lembrou.
Bento XVI deixou claro que "também a Sé Apostólica desenvolveu uma acção de socorro, muitas vezes escondida e discreta". Sublinhou que "a memória destes acontecimentos deve levar-nos a reforçar os laços que nos unem para que cresçam cada vez mais a compreensão, o respeito e o acolhimento".
A terceira visita do Papa a uma Sinagoga tinha como objectivo consolidar o diálogo e o respeito entre as duas comunidades, procurando ultrapassar as dificuldades que têm surgido nesse desejado relacionamento.
"Com sentimentos de viva cordialidade encontro-me no meio de vós para manifestar a estima e o afecto que o bispo e a Igreja de Roma, e toda a Igreja Católica, nutrem por esta Comunidade e pelas comunidades judaicas espalhadas pelo Mundo", indicou.
O Papa foi recebido pelo presidente da Comunidade Judaica de Roma, Riccardo Pacifici, pelo presidente da Comunidade Judaica Italiana, Renzo Gattegna, e pelo rabino-chefe da Sinagoga de Roma, Riccardo Di Segni. Ricardo Pacifici pediu a Bento XVI a abertura dos arquivos do Vaticano referentes a Pio XII.