O Papa Bento XVI voltou a reunir-se com os seus antigos alunos, prosseguindo a tradição iniciada na década de 1970, quando ainda era professor de Teologia na Universidade de Ratisbona, Alemanha.
Corpo do artigo
O encontro realizou-se nos passados dias 27 a 29 de Agosto, em Castel Gandolfo, arredores de Roma, dedicado à interpretação na actualidade das propostas teológicas e pastorais do Concílio Vaticano II (1962-1965). Foi animado com as intervenções do bispo nomeado para ocupar o cargo de presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o suíço D. Kurt Koch.
Em Dezembro de 2005, ano em que foi eleito Papa, Bento XVI referiu-se aos 40 anos do encerramento do Concílio, tendo afirmado que os "problemas" da recepção dos seus textos derivaram do embate entre "duas hermenêuticas contrárias". A interpretação de "descontinuidade", que "pôde valer-se da simpatia dos meios de comunicação social e também de uma parte da Teologia moderna", causou "confusão" e "corre o risco de terminar numa ruptura entre a Igreja pré-conciliar e a Igreja pós-conciliar", assinalou Bento XVI. A "hermenêutica da reforma", por seu lado, "produziu e produz frutos" ao apostar na "renovação na continuidade" da Igreja, operando, "silenciosamente" mas "de modo cada vez mais visível", declarou o Papa no discurso de apresentação dos votos de Natal que dirigiu aos cardeais, arcebispos e prelados da Cúria Romana.
Os caminhos seguidos desde o Concílio Vaticano II, que mudou o rosto da Igreja no século passado, estiveram, de facto, em debate no encontro de Bento XVI com os seus antigos alunos. Daí, surgiu uma conclusão: "fidelidade à tradição, abertura ao futuro". O arcebispo Kurt Koch foi o principal relator do encontro, com uma conclusão reforçada: "Fidelidade à tradição, abertura ao futuro: é a interpretação mais correcta do Concílio Vaticano II, que continua sendo a magna charta da Igreja também no terceiro milénio". Há quem não tenha ainda tirado partido da mensagem do Vaticano II, como há quem já o julgue ultrapassado e a exigir o Vaticano III.
O mais aconselhável poderá ser conciliar a fidelidade à tradição e a abertura ao futuro, como se concluiu no encontro do Papa com os seus antigos alunos. É capaz de ser estimulante para a Igreja Católica na actualidade. Um bom desafio para quem vive o presente sem desmerecer o passado e o futuro.