<p>Perante milhares de membros do Caminho Neocatecumenal, Bento XVI, na passada segunda-feira, num discurso breve, insistiu três vezes na obediência aos bispos.</p>
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O Papa lembrou a aprovação, em 2008, dos Estatutos do Caminho Neocatecumenal e, este ano, o seu Directório Catequético. "Com estes selos eclesiais, o Senhor confirma hoje e vos confia novamente este instrumento precioso que é o Caminho, de modo que possais, em filial obediência à Santa Sé e aos pastores da Igreja, contribuir com um novo zelo e ardor para a redescoberta radical e gozosa do baptismo e oferecer a vossa própria contribuição para a causa da nova evangelização".
Não tem sido fácil a relação dos "kikos", assim chamados em homenagem ao seu fundador, Francisco José Gómez Argüello, o Kiko, com alguns bispos. Veja-se o contencioso actual com bispos japoneses.
Qualquer novo movimento em Igreja, fiel e cioso ao seu carisma, leva tempo a reconhecer e a praticar a comunhão eclesial e a abrir-se, sem competição ou concorrência, a outros movimentos e, sobretudo, à fecunda tradição da Igreja. Às vezes comportam-se como se tivessem partido do zero ou descoberto a essência do cristianismo. Fecham-se com desdém pelas diferenças. Se assim persistem, tornam-se incómodos. Daí a insistência do Papa aos "kikos" para obedecerem aos bispos, garantes da comunhão eclesial.
Quem diz fidelidade aos bispos, por extensão e em fraternidade eclesial, recomenda abertura às comunidades cristãs, aos seus pastores e ao povo de Deus que as compõem.
É sempre de suspeitar a teimosia nos particularismos que se tornam exclusivismos quando não se aprecia a largueza do Reino de Deus.