Declarada a heroicidade das suas virtudes, falta o reconhecimento do milagre atribuído à sua intercessão, havendo vários para escolha do mais significativo.
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No funeral de João Paulo II, em 8 de Maio de 2005, houve quem pedisse que fosse declarado santo por aclamação. "Santo subito", lia-se em cartazes exibidos durante a missa exequial, presidida pelo então cardeal Ratzinger, actual Papa Bento XVI. A canonização de João Paulo II não foi assim tão rápida, mas prevê-se que a beatificação aconteça em breve. Aliás, no dia 13 de Maio de 2005, 42 dias após a morte de João Paulo II, Bento XVI anunciou o processo de canonização do seu antecessor, dispensando o prazo de cinco anos para a promoção dessa causa.
Não é fácil ser declarado santo. Nos primeiros séculos, o reconhecimento da santidade acontecia em âmbito local, a partir da fama popular do candidato a santo e com a aprovação dos bispos. Mais tarde, no Ocidente, começou a ser solicitada a intervenção do Papa, a fim de conferir mais autoridade às canonizações. A primeira intervenção papal desse tipo foi de João XV, em 993, ao declarar santo o bispo Udalrico de Augusta, que tinha morrido 20 anos antes.
As canonizações tornaram-se exclusividade do Papa por decisão de Gregório IX, em 1234. No decorrer do século XVI, começou-se a distinguir entre "beatificação", isto é, o reconhecimento da santidade de uma pessoa com culto em âmbito local e "canonização", o reconhecimento da santidade com a prática do culto universal, para toda a Igreja. Também a beatificação se tornou uma prerrogativa da Santa Sé e o primeiro acto desse tipo refere-se ao Papa Alexandre VII, em 1662, na beatificação de Francisco de Sales.
Hoje, todas essas normas encontram-se na constituição apostólica "Divinus perfectionis Magister", de 25 de Janeiro de 1983, publicada por João Paulo II, e nas normas traçadas pela Congregação para as Causas dos Santos. Nelas foi operada a reforma mais radical dos processos de canonização desde os decretos de Urbano VIII, com o objectivo de obter simplicidade, rapidez, colegialidade e eficácia.
O processo para a canonização tem uma primeira etapa na diocese em que faleceu o servo de Deus. A segunda etapa tem lugar em Roma, onde se examina toda a documentação enviada pelo bispo diocesano. Após exame profundo da documentação efectuada pelos teólogos e especialistas, compete ao Papa declarar a heroicidade das virtudes, a autenticidade dos milagres, a beatificação e a canonização.