Talia Liaño e Carlos Villareal, ambos de 23 anos, não escondem a desilusão quando, finalmente, chegam junto do Monumento Natural da Pedra Mua, no Cabo Espichel, município de Sesimbra. O que prometia ser uma viagem até ao Jurássico Superior, não passa, afinal, de uma escarpa onde os dois estudantes espanhóis não vislumbram sinais das pegadas dos pequenos dinossáurios herbívoros que por ali passaram há 145 milhões de anos.
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Nem recorrendo à informação escrita - apenas em português - e aos gráficos contidos no painel informativo conseguem "ver o que quer que seja". "Pensei que íamos mesmo encontrar pegadas, que pudessemos comparar o tamanho dos nossos pés com o dos dinossáurios", desabafa Carlos Villareal.
Também a família Moretti, de Milão (Itália), se sente frustrada. "O meu filho mais novo adora dinossáurios. Julgava que ia ver, de facto, pegadas, mas não se vê nada", lamenta Guilliamo Moretti.
Resta continuar o passeio ao longo da costa do Parque Natural da Arrábida. Ali mesmo ao lado ficam o santuário e o farol e, por detrás deste, as instalações de um antigo posto de observação de baleias (ler caixa).
Entre o Cabo Espichel e a praia da Figueirinha, já no município de Setúbal, situa-se o Parque Marinho Professor Luiz Saldanha, uma área de reserva marinha onde foram identificadas mais de mil espécies da fauna e da flora.
Ao longo dos 38 quilómetros de costa, há inúmeras actividades que podem ser praticadas, embora algumas exijam autorização. Desde caminhadas, ao mergulho amador, fundeação de embarcações nas enseadas e pesca lúdica à linha.
Marco Savelho, 30 anos, e Marco Ricardo, 35 anos, ambos do Montijo, têm por hábito pescar no litoral setubalense. Fazem-no há quatro anos e afirmam que "cada vez há mais poluição". Fomos encontrá-los junto ao Parque de Campismo do Outão, após cinco horas de pescaria, que se saldaram por poucos peixes no balde.
"Não se consegue pescar grande coisa. As redes passam por aqui e levam tudo", queixa-se Marco Ricardo. Mesmo assim, ainda se apanham sardas, cavalas, douradas e sargetas.
Falar da Arrábida é também falar de algumas das praias mais procuradas da Península de Setúbal, com a Figueirinha e o Portinho à cabeça. Que nesta altura do ano, e elevadíssima procura obriga a condicionamentos e mesmo cortes de trânsito. Para se chegar aos areais é preciso uma boa dose de paciência e alguma resistência física para levar tudo a braços.
Há, contudo, quem queira ficar longe da praia e prefira um repasto com amigos e família, por exemplo, no parque de merendas da Comenda, de onde se tem uma vista privilegiada para Tróia e os seus aldeamentos turísticos.
Foi a escolha de um grupo de seis amigos para o entardecer. Aproveitando o peixe pescado por um deles logo pela manhã, ali cozinharam uma caldeirada e prepararam o carapau alimado. "Se não fossem as moscas, estava tudo perfeito", comenta Celestino Pedro, 66 anos, mais conhecido por "Tininho".