Que um Parlamento não se dê ao respeito no seu papel democrático de representante e intérprete da soberania popular é estranho.
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Como instituição de um Estado de direito merece toda a estima. Não assim quando exorbita das suas funções para ofender direitos, liberdades e garantias fundamentais, por exemplo a liberdade religiosa. Tentar reprovar o magistério ordinário do Papa, que, na sua visita a África, falou do uso de preservativos e da sida, tendo sido censurado fora do contexto, foi uma tentativa fracassada do Parlamento espanhol, que se limitou a imitar o Parlamento belga. A iniciativa foi da Isquierda Unida e Iniciativa per Catalunya (IU-ICV) e pretendia que o Governo protestasse, "por via oficial e diplomática", através do embaixador na Santa Sé, contra as declarações de Bento XVI. A proposta não teve o apoio do PSOE, PP, CiU e PNV. A iniciativa não teve na devida conta a distinção entre Estado e a Igreja e entre a ordem política e a ordem moral, razão para que as instituições do Estado se abstenham de impedir a liberdade das instituições religiosas, desde que não esteja em causa a ordem pública. Digam lá se é possível vencer a batalha contra a sida sem uma dimensão moral e educativa, que, humanizando a sexualidade, manifesta ternura por quem sofre? Não será isso o que faz a Igreja Católica, especialmente em África?