<p>Os portugueses conhecem a confiscação dos bens da Igreja Católica. Foi assim, no século XIX, com o Liberalismo, e voltou a acontecer com a I República faz agora cem anos. Na devolução quem mais perdeu foi a Igreja, enquanto quem mais aproveitou foi o Estado, mas igualmente muitos particulares que adquiriram bens ao preço da chuva.</p>
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Não temos o exclusivo desses saques, repetidos em vários países. Vê-se agora na ex-URSS. O Parlamento russo aprovou, na semana passada, uma lei para devolver às organizações religiosas as propriedades apreendidas pelo Estado na era soviética. Para os líderes da Igreja Ortodoxa, a aprovação dessa lei restaura a justiça. Para os críticos, é uma receita para a instabilidade social e uma ameaça aos monumentos culturais em que se transformaram muitos imóveis.
As autoridades federais, regionais e municipais têm dois anos para devolver os imóveis reclamados particularmente pela Igreja Ortodoxa. Anteriormente, a restauração de propriedades da Igreja, que começou na década de 1990, após o fim do comunismo, era regulamentada apenas a nível federal.
Os imóveis na Rússia mudaram de mãos por decreto várias vezes e nunca tanto quanto depois da revolução bolchevique de 1917. Houve transferência para o Estado de propriedades do czar, da aristocracia, da burguesia e de fazendeiros. Ao contrário de outros países do Leste europeu e dos estados bálticos, a Rússia não ofereceu a restituição dos bens após o colapso do comunismo. Tanta agora praticar a justiça.
Em Portugal, quer a Igreja Católica quer o Estado foram concordatariamente mais condescendentes com os excessos das confiscações.