Diocese da Guarda anuncia "pacotes de paróquias" ou "unidades pastorais" por escassez de sacerdotes activos para tantas necessidades das comunidades.
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Tome-se como exemplo a diocese da Guarda e veja-se como as prometidas iniciativas do seu bispo, D. Manuel da Rocha Felício, podem ser um exemplo a seguir no conjunto das 20 dioceses portuguesas. O bispo da Guarda admite proceder à reorganização das 365 paróquias que constituem a diocese a que preside, com o objectivo de colmatar a falta de padres e de responder a novos desafios que se colocam hoje à Igreja, a começar pela prioridade das prioridades, a evangelização, bem como à impossibilidade já manifesta de garantir a missa dominical para todos os católicos praticantes.
De acordo com D. Manuel da Rocha Felício, a sua diocese conta 120 sacerdotes no activo, número que representa "um terço dos padres que havia há trinta anos", quando existiam "trezentos e tal". Tendo em conta essa situação, considera que será necessário "conjugar bem o sacerdócio ordenado com outros serviços que a diocese tem", adiantando que está em preparação, entre 2009 e 2010, a reorganização da diocese, que incluirá a criação de "pacotes de paróquias".
"A nossa diocese tem 365 paróquias, mas são paróquias a mais. Temos de procurar, dentro destas 365 paróquias, fazer pacotes de paróquias, aquilo que, em termos técnicos, chamamos de unidades pastorais", diz o bispo da Guarda.
Considera que a reforma que está a ser preparada permitirá criar unidades pastorais que são "conjuntos de paróquias que têm à sua frente a liderança de um sacerdote, que é ajudado por um grupo de leigos ou mesmo por comunidades religiosas".
O bispo garante que, com as alterações previstas, "não será tirado o nome de paróquias nem o estatuto de paróquias àquelas que o têm", mas defende a necessidade de existir um trabalho "em rede" que liberte os sacerdotes para as funções mais importantes.
As medidas que o bispo da Guarda anuncia são inevitáveis em qualquer uma das 20 dioceses portugueses, porque todas têm escassez de clero e os padres no activo estão envelhecidos. Em algumas, já é normal que um só padre seja responsável por várias paróquias e, dentro de dez anos, o problema tornar-se-á bem mais agudo, sendo mais necessários os padres itinerantes do que os sacerdotes fixos e só com uma paróquia.
Os padres terão de deixar de ser "homens dos sete instrumentos" e dedicar-se ao específico da sua vocação como da sua missão.