Setor encerrou no início da pandemia. Associação estima que existam 300 estabelecimentos e alerta que retoma não será fácil para todos. Abertura implica fim do lay-off e das moratórias.
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Foram "tempos muito angustiantes" que chegam agora ao fim. Os parques de diversão infantil reabrem após cerca de 14 meses de portas trancadas e os empresários do setor não escondem a alegria em voltar a encher os corredores com o barulho das crianças. No Camelot Park, em Matosinhos, o fim de semana foi de limpezas gerais e reorganização do espaço. "É uma felicidade imensa poder reabrir", confessou Fátima Marques, sócia-gerente do parque infantil, que soma já duas décadas de existência.
A boa nova sobre o levantamento da proibição de funcionamento chegou na passada quinta-feira e foi recebida "com algum êxtase" pelo setor que, ao longo de mais de um ano, aguardava luz verde para voltar a trabalhar. De norte a sul do país, estima-se a existência de 300 parques infantis. Cerca de uma centena fazem parte da Associação Nacional de Espaços Infantis e Recreativos (ANEIR), criada no ano passado, para defender os interesses do setor.
Guião enviado à DGS
"Receber boas notícias é sempre motivo de contentamento. Foi o culminar de um processo bastante longo e moroso", disse ao JN André Resende, porta-voz da ANEIR que, há cerca de dois meses, enviou à Direção-Geral da Saúde um guião com possíveis medidas de segurança a implementar para reabrir os recintos. Entre elas, a realização de festas de aniversário num sistema de bolha, onde apenas os colegas da escola e seus familiares estão presentes.
O documento tem ainda procedimentos de limpeza, bem como formas de controlo das entradas e de funcionamento das refeições.
Pelo país, a procura já se começa a sentir. É o caso do Hello Park, propriedade de André Resende. Em Matosinhos, o cenário é semelhante: "Há muito tempo que temos procura. Temos clientes que não compreendiam o porquê de não poderem fazer a festinha de aniversário quando as crianças estavam juntas nos recreios", disse Fátima Marques.
Ainda assim, de acordo com André Resende, a retoma não se advinha igual para todos. O impacto será diferente consoante as características. "Temos alguns parques de diversão que têm áreas exteriores. Falo do meu caso, em que estamos a entrar na melhor fase do ano, e o verão vai ajudar-nos a capitalizar alguma coisa para pagar as muitas dívidas que estão para trás. Mas não é o caso de todos. Temos alguns com espaços mais fechados, muito preparados para o inverno, e vão abrir na pior altura do ano", explicou, alertando para o impacto do fim dos apoios. "Estamos satisfeitos por termos chegado a bom porto. Mas, quando voltarmos a olhar para o negócio, teremos empresas em grandes dificuldades. Esta abertura implica o fim do lay-off e das moratórias", alertou.