O primeiro-ministro assumiu, esta quarta-feira, a pasta das Infraestruturas, deixada vaga com a demissão de João Galamba. Os partidos disseram compreender, uma vez que o Governo está demissionário. Só o Chega destoou, revelando que pedirá um debate de urgência sobre Infraestruturas e desafiando Costa a comparecer.
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António Costa ficará assim a tutelar o secretário de Estado Frederico Francisco, que foi promovido ao cargo de Adjunto e das Infraestruturas. O governante foi empossado esta quarta-feira pelo presidente da República, numa cerimónia para a qual não foi convocada a comunicação social.
Também esta quarta-feira, ao final do dia, Costa e Marcelo Rebelo de Sousa aterraram na Guiné-Bissau, para assinalarem os 50 anos da independência daquele país africano. O primeiro-ministro recusou falar sobre a crise política, tendo apenas referido que é sempre bom estar com o presidente da República. Como habitualmente, Costa e Marcelo viajaram em aviões separados.
O líder do PSD, Luís Montenegro, disse ver “com normalidade” o facto de o primeiro-ministro ter passado a acumular a pasta das Infraestruturas. O social-democrata concordou que esta “não era a altura correta” para se encontrar um novo ministro, uma vez que “o Governo vai ser demitido”.
“Com toda a franqueza, acho que é relativamente normal”, reforçou Montenegro. A seu ver, o que “não é normal” é João Galamba ter demorado tanto tempo a demitir-se, “ultrapassando todos os limites”. O ex-ministro das Infraestruturas, recorde-se, saiu seis dias após a demissão de Costa.
IL pede mais “isenção”, Esquerda diz que o mais importante são as políticas
André Ventura, do Chega, anunciou que, em resposta à decisão de Costa, irá propor um debate de urgência “sobre os negócios que envolvem o ministério das Infraestruturas”. O deputado disse esperar “que seja o próprio primeiro-ministro a vir ao Parlamento” discutir o tema, embora Costa não esteja obrigado a fazê-lo.
Rui Rocha, da IL, pediu que Costa desempenhe o novo cargo com a “isenção e a dedicação” que, nos últimos dias, “não demonstrou como primeiro-ministro”. O liberal reconheceu que, nas condições atuais, “ninguém aceitaria” entrar para o Governo.
À Esquerda, BE e PCP também não puseram em causa a decisão. Ambos argumentaram que mais importante do que saber quem é o titular dos cargos é a forma como se responde aos problemas do país. O bloquista Pedro Filipe Soares salientou a necessidade de "acolher e respeitar" esta decisão "de curto prazo".