Partidos elogiam Sales, o presidente da CPI que pôs um ministro "no sítio dele"
Os partidos elogiaram, na reunião de votação do relatório da comissão de inquérito (CPI) da TAP, a conduta do deputado socialista António Lacerda Sales, que conduziu os trabalhos desde a saída de Jorge Seguro Sanches, em maio. Também houve quem o aplaudisse por ter posto o ministro da Cultura "no sítio dele".
Corpo do artigo
Paulo Moniz, do PSD, destacou a forma "elegante e serena" com que Lacerda Sales sempre dirigiu os trabalhos. Lembrou também o "episódio infeliz" protagonizado pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva - que comparou a CPI a um "filme de série B" e a um "reality show" -, agradecendo ao presidente da comissão por ter defendido os deputados das "considerações injuriosas" do governante.
Hugo Carneiro, também do PSD, fez questão de pedir a palavra para deixar registado o seu apreço pela conduta de Sales. Dizendo não ser "muito dado a elogios", agradeceu ao socialista "pela forma como conduziu os trabalhos", salientando que este sempre teve "a preocupação" de estudar as regras das CPI e o "cuidado" de gerir, com sucesso, as "tensões" que iam surgindo.
Pedro Filipe Soares, do BE, cumprimentou Sales pela "lisura" demonstrada quando pediu "respeito" pela CPI a Pedro Adão e Silva, argumentando que tanto o ministro como o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, "não estiveram à altura" do que se esperava deles. Em maio, recorde-se, Brilhante Dias, responsabilizou os deputados por uma fuga de informação da CPI, gerando indignação em várias bancadas.
Sales agradece e retribui
Filipe Melo, do Chega, também quis prestar o seu "reconhecimento público" a Lacerda Sales, por ter colocado o ministro da Cultura "no sítio dele". Bernardo Blanco, da IL, destacou igualmente a "isenção e correção" que o socialista sempre demonstrou na condução dos trabalhos.
António Lacerda Sales agradeceu os elogios, estendendo as palavras tanto aos serviços do Parlamento como aos deputados, "que contribuíram para que [a boa condução dos trabalhos] fosse possível".
No domingo, em entrevista ao JN e à TSF, o ministro Adão e Silva afirmou que, na CPI, houve deputados a agir como "procuradores do cinema americano da série B da década de 80", acusando-os de contribuírem para a "degradação" das instituições.
Lacerda Sales disse que essas declarações eram uma "falta de respeito" pelo Parlamento e pelo trabalho dos deputados, pedindo que o governante pedisse desculpas e recuasse. Adão e Silva não só não o fez como reiterou o que tinha dito, acrescentando que, se fosse preciso, até podia "elaborar mais" sobre o tema.
Lacerda Sales e Pedro Adão e Silva coincidiram no Governo entre março e setembro do ano passado. O primeiro era secretário de Estado Adjunto e da Saúde, tento saído na altura da demissão de Marta Temido, então ministra da Saúde.