O Chega fala em interferência “deliberada” do Governo, PCP aponta a Neeleman e BE visa Galamba. PSD fala esta terça-feira, mas contesta a ausência de referência à intervenção do SIS.
Corpo do artigo
Chega, PCP e BE apresentaram ontem as suas propostas para corrigir as “omissões” do relatório da comissão parlamentar (CPI) da TAP. André Ventura quer que o documento diga que houve interferência política “deliberada” do Governo na empresa, com os bloquistas a apontarem a mira a João Galamba e os comunistas a proporem que o processo de compra da TAP por David Neeleman seja averiguado em tribunal. O PSD fala hoje sobre o tema.
“O Chega propõe que fique claro que a interferência política [na TAP] aconteceu, foi desejada, deliberada e consciente”, afirmou Ventura. O seu partido fez propostas de alteração “ao corpo e às conclusões” do relatório, elaborado pela socialista Ana Paula Bernardo.
Ventura sugeriu, também, que o documento passe a mencionar a “responsabilidade e conhecimento” que o anterior e o atual ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos e João Galamba, bem como do ex-secretário de Estado Hugo Mendes, tiveram a respeito da indemnização de Alexandra Reis. O papel do ministro das Finanças, Fernando Medina, também “não pode ser ignorado”, defendeu.
O PCP disse ter ficado provado que a compra da TAP por David Neeleman lesou a empresa e deu ao empresário “benefícios injustificados”, que o partido quer ver esclarecidos em tribunal. Falando em “omissões graves, inverdades e falsidades”, Bruno Dias propôs que o relatório acrescente que o ex-ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, sabia dos fundos Airbus, a que Neeleman recorreu para comprar a TAP. O PCP elaborou 46 propostas.
PSD quer incluir SIS
Já o BE foi, nas palavras de Pedro Filipe Soares, “muito parco” em sugestões. O deputado desafiou o PS a aprová-las todas, frisando que será precisa “imaginação” para não o fazerem. Dizendo querer corrigir “omissões estruturais”, defendeu que o relatório inclua a polémica no Ministério das Infraestruturas, sustentando que a “conduta” de Galamba que “levou ao aumento das tensões” na equipa.
O PSD apresenta, esta terça-feira, as suas conclusões sobre a CPI. Ao que o JN apurou, o partido irá contestar temas como a ausência de referências à intervenção do SIS no caso do portátil ou a alegada parcialidade do relatório da Inspeção-Geral de Finanças. O PSD considera que o relatório está alinhado com o Governo e que existiram omissões evidentes.
Saber Mais
IL recusa “farsa”
A IL optou por não apresentar propostas de alteração ao relatório. O líder, Rui Rocha, disse recusar participar numa “farsa”.
Marcelo só fala no fim
O presidente da República não leu a versão preliminar do relatório. “Só vou ler o relatório definitivo”, disse ontem. Este será votado na quinta-feira.