Tentam alianças para concorrer a mais câmaras e reforçar hipótese de vitória nas eleições locais.
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São vários os partidos que admitem que, nas autárquicas deste ano, vão fazer mais coligações e apoiar mais candidaturas externas do que no sufrágio de 2021. Com essa estratégia, conseguem concorrer a mais autarquias e reforçar as hipóteses de vitória. Daí que, a quatro meses das eleições que se realizarão a 12 de outubro, ainda estejam muitas candidaturas em negociação, ao contrário do que tem sido habitual noutros anos.
“Há uma elevada probabilidade para que se concretizem mais coligações e apoios a outras candidaturas”, prevê o coordenador nacional autárquico do PS, André Rijo, especificando que “a tendência é para uma predominância de coligações com o Livre e com o PAN”. Os socialistas pretendem “maximizar resultados”, contornando a dificuldade de, em alguns locais, constituir listas próprias. O PS é o partido com maior número de autarcas em final de mandato e sente a obrigatoriedade de, pelo menos, manter a fasquia das 148 autarquias conquistadas há quatro anos, bem como alcançar o simbolismo da vitória nas principais capitais de distrito de Portugal.
Mudança de paradigma
“Vamos procurar concorrer a todas as câmaras, quer seja com candidatura própria, em coligação ou apoiando independentes”, refere o coordenador nacional autárquico do PSD, Pedro Alves, admitindo que o partido mudou de paradigma: “Pela primeira vez, temos essa diretiva na nossa estratégia nacional. Vai ser a primeira vez que apoiamos independentes de forma deliberada. Vamos apoiar projetos que melhor se ajustam às realidades locais e aos desejos das populações”.
Como, por exemplo, o apoio a Pedro Santana Lopes, na Figueira da Foz, ou até a coligação com independentes em Idanha-a-Nova. Aliás, o PSD, que possui 113 câmaras, também admite um reforço das coligações. “A orientação é termos listas próprias, mas não fechamos a porta por cegueira ideológica”, justifica Pedro Alves, referindo que o aumento das coligações deve-se à entrada da Iniciativa Liberal (IL) nas negociações, além do diálogo com o parceiro natural: o CDS-PP. “A perspetiva é a de que se venham a confirmar cerca de 130 coligações, ou seja, mais 20 ou 30 do que há quatro anos”, assegura o coordenador nacional autárquico do CDS-PP, Fernando Barbosa. O partido ainda está a avaliar se vale a pena concorrer sozinho a cerca de 30 autarquias.
Entrada dos liberais
A IL “tem a expectativa de apresentar candidaturas a cerca de 100 câmaras, integrando, também, coligações que respeitem os princípios e as propostas liberais”. A aposta em listas próprias recai sobre “zonas urbanas, periurbanas e rurais”. O objetivo é reforçar a presença da IL “onde já existem núcleos ativos e autarcas eleitos, abrindo novos caminhos em territórios onde ainda não tem representação”.
O BE “está empenhado em promover mais processos de convergência do que nunca. Numa série de municípios, está em curso esse processo de diálogo com outras forças de Esquerda, com movimentos independentes e com cidadãos empenhados na transformação do território e das políticas locais”.
Por sua vez, “o Livre está a selecionar os seus candidatos e candidatas em primárias, procurando aumentar o número de candidaturas autárquicas face às últimas eleições. Estão a decorrer conversas por todo o país no sentido de garantir alternativas democráticas e progressistas em dezenas de concelhos”, confirma, também, o Livre. Já a CDU vai concorrer sozinha a todas as câmaras, assim como o Chega, que se encontra focado em ser o garante de maiorias pós-eleitorais e em conquistar autarquias, mas que não esteve disponível para prestar declarações ao JN. Também o PAN optou pelo silêncio quanto à estratégia para as autárquicas.