A mortalidade por todas as causas está, finalmente, em sentido descendente, por força da redução de óbitos por covid-19. Depois de 36 dias (5 de janeiro a 9 de fevereiro) com mais de 500 óbitos diários, na passada quarta-feira baixamos essa fasquia. Para trás fica um janeiro negro: expurgado o vírus, registaram-se, em média, 25 óbitos diários em excesso.
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De acordo com os dados do eVM - sistema de vigilância da mortalidade em tempo real, neste mês e até ao passado dia 12 contavam-se 6479 óbitos por todas as causas, mais 2225 do que em igual período de 2020. Sendo que, nos primeiros 12 dias de fevereiro, a covid tirou a vida a 2425 pessoas.
Em termos acumulados - e depois de janeiro responder por 45% do total de mortes por SARS-CoV-2 - neste ano contam-se 26 128 mortes por todas as causas, com a covid a responder por 31%. Deste total de óbitos, 89% diziam respeito a pessoas com mais de 65 anos. Com maior impacto acima dos 85 anos: 12 079 mortes.
Lisboa com 40%
A distribuição regional da mortalidade segue a geografia da pandemia, com Lisboa a concentrar 40% do óbitos (10 381). No Alentejo, as mortes duplicaram face a período homólogo do ano passado; e, no Centro, registaram-se quase tantos óbitos como no Norte no mesmo período de 2020. Tudo somado, desde 30 de outubro que a mortalidade está acima do esperado. Nos últimos sete dias, o eVM registava um excesso de 1271 óbitos. Sendo que, em janeiro, os óbitos em excesso eram quase metade do total apurado em 2020.
Pressão nos Intensivos
A descida da mortalidade acompanha a desaceleração da incidência, com o número de novos casos, nesta semana, a cair para metade. Na sexta-feira, os internamentos estavam ao nível mais baixo dos últimos 24 dias e os Cuidados Intensivos (UCI) dos últimos 15.
Contudo, em UCI, estavam ainda 803 pessoas, valor três vezes acima do recomendável. Que os especialistas colocam nas 280 camas, correspondente a uma taxa de ocupação de 85%. Segundo o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Carlos Antunes, só em abril deveremos atingir aquele patamar.
Pormenores
Óbitos prematuros - Até ao passado dia 12, contavam-se 4292 mortes prematuras, isto é, abaixo dos 70 anos de idade, num crescimento de 39% face a igual período de 2020. Daquele total de mortes, 4137 respeitam à faixa 34-69 anos.
Mais de 700 mortes - Foi a 20 de janeiro que Portugal registou o número mais elevado de óbitos diários dos últimos 40 anos, pelo menos: 747. Naquele mês, tivemos oito dias com mais de 700 mortes/dia.
64% no hospital - Neste ano, 64% dos óbitos registaram-se na instituição de saúde, com a proporção a aumentar em fevereiro, com 69% do total nos hospitais.