O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, insistiu, esta sexta-feira, que "não há" frases suas no passado a convidar os jovens a emigrar, declarando que é preciso "imaginação" para manter essa ideia.
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No debate quinzenal no parlamento, e em resposta à deputada do partido ecologista "Os Verdes" Heloísa Apolónia, Passos Coelho sublinhou que "ainda ninguém" encontrou uma frase sua "em que tivesse convidado os jovens a emigrar".
"Não há", prosseguiu o governante, declarando que o "melhor" que se descobriu até ver foram declarações sobre uma situação específica em torno dos professores, e "é preciso uma grande boa vontade e imaginação para ver nisto um convite ao país para emigrar".
Antes, o primeiro-ministro defendeu que está na altura de Portugal se preparar para acolher mais imigrantes e receber de volta os portugueses que emigraram à procura de emprego, porque o pior da crise já passou.
"Agora que o pior da crise está ultrapassado, está na altura de nos prepararmos para fazer um acolhimento mais significativo de pessoas que precisam de ser realojadas ou reinstaladas, seja ao nível da política de asilo ou relativamente a imigração, ao mesmo tempo que devemos começar a preparar-nos para acolher todos aqueles que, sendo portugueses, procuraram outras economias para poderem obter resposta ao nível da empregabilidade", acrescentou.
O primeiro-ministro repetiu esta ideia, por outras palavras: "Está na altura, portanto, de começarmos a preparar as nossas estruturas e a nossa política para o alargar acolhimento a imigrantes, mas também para voltar a acolher aqueles que sendo portugueses começam hoje a ver melhores condições para regressar à economia portuguesa e a Portugal".
No início do seu discurso, Passos Coelho referiu que Portugal ficou classificado em segundo lugar num relatório apresentado na semana passada sobre a imigração em 38 países desenvolvidos, mantendo a posição de 2010, mas com mais um ponto.
"É um facto que merece ser sublinhado", disse.
Depois, no que respeita ao estado da economia portuguesa, mencionou que "o investimento está a crescer", que no primeiro trimestre "as exportações líquidas voltaram a dar um contributo positivo para o crescimento" e que "uma parte significativa das importações se destina ao investimento".
O chefe do executivo PSD/CDS-PP concluiu que Portugal está "num novo ciclo não vicioso, mas virtuoso" de "retoma económica".
O primeiro-ministro destacou também os dados do Eurostat sobre as taxas de emprego: "Temos vindo a melhorar significativamente do ponto de vista do emprego e fomos mesmos, em termos de União Europeia e de zona euro, o segundo país a exibir uma taxa maior de crescimento do emprego".
Segundo Passos Coelho, a evolução do emprego "relativiza a discussão que tem sido travada em torno da explicação sobre a baixa da taxa de desemprego".
Ferro ataca Passos
O líder parlamentar socialista acusou o Governo e Presidente da República de comemorarem um país que definha, levando o primeiro-ministro a lamentar "o azedume e ressabiamento" do PS em relação a Cavaco Silva e ao executivo.
Posições que foram trocadas entre Ferro Rodrigues e Pedro Passos Coelho no debate quinzenal na Assembleia da República.
Na sua primeira intervenção, o presidente do Grupo Parlamentar do PS citou uma série de indicadores negativos divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre a evolução demográfica registada em Portugal nos últimos anos e pelo Observatório Português dos Sistema de Saúde, tendo também desafiado Pedro Passos Coelho a enviar para Bruxelas uma revisão do Programa de Estabilidade, "já que o Governo diz que não vai afinal cortar 600 milhões de euros nas pensões".
"O país do Presidente da República e do Governo definha e os senhores comemoram", disse, motivando que, na resposta, o primeiro-ministro tirasse a conclusão de que PS e executivo "na realidade, não veem o país com os mesmos olhos".
"Os senhores só veem passivo, como se o país estivesse ainda em recessão. Mas nós vemos o passivo herdado e os dados que indiciam recuperação. Não compreendo o azedume e o ressabiamento do PS em relação ao Governo e ao Presidente da República", afirmou o primeiro-ministro.