O antigo vice primeiro-ministro e líder do CDS-PP durante 16 anos, Paulo Portas, abriu uma exceção no costume de não interferir em questões internas do partido e foi a Guimarães votar em Nuno Melo, este domingo de manhã.
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Paulo Portas está afastado da vida política desde 2015 e nunca votou em qualquer congresso desde então. Desta vez, quis abrir uma exceção e justificou porquê: "Nunca o tinha feito antes por imparcialidade, mas achei que eram circunstâncias absolutamente excecionais e queria dar um sinal, com o meu voto, de confiança e admiração pela coragem e determinação que o Nuno Melo revelou, candidatando-se a líder do CDS em circunstâncias tão hostis e adversas",
Ao lado de Nuno Melo, Paulo Portas desejou "sorte" ao novo presidente do CDS-PP na missão de "recuperar o partido" do resultado negativo das eleições legislativas de 30 de janeiro que arredaram os centristas da Assembleia da República. O ex-presidente lembrou que o CDS ficou numa situação "de alto risco", colocando-se dúvidas sobre a sua viabilidade "que nunca existiram ao longo de 47 anos".
Paulo Portas ressalvou, contudo, que este "é apenas um gesto" e "não significa um regresso à vida partidária" pois "tudo na vida tem um tempo". Do que viu no primeiro dia de congresso, Paulo Portas considerou que "o CDS deitou contas à vida e não fez ajustes de contas, e isso é um passo bom".
Recorde-se que o arqui-inimigo de Paulo Portas, Manuel Monteiro, também ex-presidente do CDS, declarou apoio a Nuno Melo e manifestou disponibilidade para fazer as pazes com Paulo Portas. Na resposta, Portas não quis alimentar o assunto: "Eu acho muito importante que o doutor Nuno Melo tenha um discurso de respeito por todos os passados do CDS. E estamos no século XXI em 2022, não estamos nos anos 90".
Das dez moções apresentadas ao 29º Congresso do CDS, apenas quatro foram a votos e a de Nuno Melo foi a vencedora com 73%. Este domingo decorrem as eleições para os órgãos nacionais, contudo só há uma lista para a Comissão Política Nacional, que é a de Nuno Melo, o que significa que o eurodeputado vai mesmo ser o próximo presidente do CDS-PP.
As escolhas de Nuno Melo
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Assim, a lista única da Comissão Política Nacional tem como vice-presidentes Telmo Correia, Álvaro Castelo Branco, Ana Clara Birrento, Diogo Moura, João Varandas Fernandes , Maria Luísa Aldim e Paulo Núncio. O secretário-geral proposto é Pedro Morais Soares, o coordenador autárquico é Mário Araújo e Silva e a porta voz é Isabel Galriça Neto.
Para o Conselho Nacional há duas listas, uma afeta à ala de Nuno Melo que é encabeçada por Nuno Magalhães e outra afeta à oposição interna, liderada por Fernando Barbosa, onde estão os nomes de dois dos três candidatos derrotados à liderança do partido: Miguel Mattos Chaves e Bruno Costa.
O segundo dia do 29º Congresso do CDS-PP é, assim, uma espécie de consagração do novo líder, havendo apenas dúvidas quanto à composição do Conselho Nacional, nomeadamente quanto ao número de conselheiros que a lista de oposição interna consegue eleger.