O primeiro debate para as eleições legislativas de 18 de maio, esta segunda-feira, na TVI, opôs um Luís Montenegro apostado em lembrar as conquistas da governação de 11 meses da AD e um Paulo Raimundo assertivo a acusar o social-democrata de incompatibilidade no caso da empresa Spinumviva.
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Sem eleitorados comuns à partida, os candidatos da AD e da CDU divergiram em quase tudo, a começar pela crise que precipitou eleições. Para Raimundo, o primeiro-ministro “criou uma situação de incompatibilidade” ao “estar a ser beneficiário do pagamento de uma empresa, nomeadamente a Solverde”.
Na resposta mais do que preparada, Montenegro defendeu-se e repetiu várias vezes que não houve qualquer decisão que tivesse tomado sob influência da vida privada passada. Argumentou que tinha direito a trabalhar quando não era político e garantiu: “Não houve nenhuma contaminação das minhas funções políticas por empresas privadas”.
“É perfeitamente incompatível”, retorquiu o comunista. “Eu percebo que o PCP tenha dúvidas”, ripostava Montenegro. “Nós não temos dúvidas, nós temos certezas de que a situação que criou era incompatível”, respondia por cima Paulo Raimundo. “Está bem, eu também tenho a certeza do contrário, temos certezas diferentes”, finalizava Montenegro, a tentar rematar o diálogo, enquanto era acusado de se vitimizar: “Não venha fazer uma coisa comigo que é a vitimização”.
Paulo Raimundo apareceu mais solto do que nos debates de há um ano, mas Luís Montenegro também apareceu com trunfos na manga que não tinha em fevereiro de 2024: “Um Governo que baixou os impostos do trabalho, que aumentou as pensões, que aumentou o CSI [Complemento Solidário para Idosos] duas vezes, que decidiu aumentar a comparticipação dos medicamentos destes idosos para 100%, que estabeleceu acordos de valorização da carreira de 17 áreas da administração pública”.
Mais sorridente do que no tema da Spinumviva, Montenegro atirou: “É cada vez mais difícil um comunista não votar na força política que está hoje na governação”. Nesse momento, Paulo Raimundo ofereceu um dossiê com uma fotografia do mercado do Bolhão, numa alusão ao Conselho de Ministros da semana passada que foi “uma grande jornada de propaganda”, epitetou o comunista.
O debate passou ainda pela Saúde, onde Montenegro assegurou que o SNS “é o esteio da política”, enquanto era acusado de privatizar. Quanto à Defesa, Paulo Raimundo clarificou que devem ser dados “zero cêntimos” para a guerra e investir esse dinheiro nos problemas sociais do país. Para Montenegro, os investimentos sociais e em defesa “são cumulativos”.