Paulo Raimundo chega a secretário-geral do PCP aos 46 anos, tornando-se a primeira pessoa nascida depois do 25 de Abril a ocupar o cargo. O JN traça o perfil do sucessor de Jerónimo de Sousa.
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Estava lá para quem soubesse ler nas entrelinhas: no comício dos 101 anos do PCP, em março, no Campo Pequeno, em Lisboa, era Paulo Raimundo que aparecia em segundo plano, logo atrás de Jerónimo de Sousa, quando o então secretário-geral discursava; foi também ele, nessa mesma ocasião, o último a falar antes de Jerónimo; em setembro, no palco da Festa do Avante, cantou o hino do partido num lugar mais próximo do líder do que aquele em que ficaram João Ferreira e João Oliveira, os dois nomes mais falados para a sucessão; e recuando a 2004, no congresso da sucessão de Carlos Carvalhas, foi a ele - então um jovem de 28 anos - que se abraçaram o antigo e o novo líder enquanto entoavam o "Avante, Camarada". Paulo Raimundo sempre foi uma figura de destaque do PCP, embora trabalhasse longe dos holofotes, e não fosse conhecido do grande público. A partir deste domingo, passou a ser o rosto principal do partido, eleito por unanimidade.
Chega ao cargo aos 46 anos, tornando-se o primeiro secretário-geral nascido depois do 25 de Abril. Dos quatro que o PCP teve em democracia, Raimundo é, também, o que foi eleito com uma idade mais jovem: Álvaro Cunhal tinha 47 anos quando assumiu o lugar, Carvalhas contava 51 e Jerónimo 57.
É casado e tem três filhos - de 16, 10 e dois anos. Nascido em Cascais, mudou-se para Setúbal aos três anos e foi lá que passou boa parte da vida. Foi padeiro e carpinteiro, tendo também trabalhado como animador cultural no bairro da Bela Vista.
O seu percurso no PCP impressiona: aderiu à JCP aos 15 anos e ao partido aos 18, tendo entrado para o Comité Central aos 20. Muitos dizem que é próximo de Francisco Lopes, antigo candidato presidencial que foi, durante anos, apontado à liderança.