Paulo Raimundo: "Nem eu vou ter um espasmo simulado, nem as câmaras vão andar atrás"
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, disse esta segunda-feira à noite, em Aveiro, que não irá ter um espasmo simulado para conseguir mediatismo, em alusão ao espasmo esofágico que afetou o líder do Chega em maio, levando-o a ser hospitalizado. E responsabilizou o Governo por mais um aumento nos custos da habitação em Portugal.
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"Nós só contamos com a força que temos. Não contemos com as câmaras de televisão. Não contemos com notícias extraordinárias. Não contemos que eu me dê para aqui um espasmo qualquer para passar 15 dias na televisão para trás e para a frente. Não contemos com nada disso, porque isso não vai haver. Nem eu vou ter um espasmo simulado, nem as câmaras vão andar atrás de nós", disse Paulo Raimundo.
O secretário-geral do PCP falava durante um comício em Aveiro com a presença da candidata da coligação que junta PCP e o partido ecologista "Os Verdes" à presidência da Câmara local, Isabel Tavares.
Raimundo disse não saber o que vai acontecer nas eleições autárquicas de 12 de outubro, mas mostrou-se convicto de que esta jornada de mobilização e esclarecimento que estão a desenvolver dará os seus frutos e resultados. "Uns serão resultados do ponto de vista eleitoral e outros serão resultados de alargamento para a luta que vai continuar", acrescentou.
O líder dos comunistas realçou ainda o esforço feito pela CDU para a elaboração das listas que vão concorrer às eleições autárquicas, afirmando que a coligação que junta PCP e "Os Verdes" é "a única força que em Portugal continental e na Madeira concorre a todos os órgãos autárquicos, seja câmaras, seja assembleias municipais".
Paulo Raimundo referiu que as listas da CDU contam com 35 mil candidatos, 45% dos quais são mulheres, e assinalou ainda a presença de 12 mil independentes.
"São independentes e não estão aqui para dar a fotografia. Não estão aqui para compor o ramalhete. Estão aqui para serem construtores e protagonistas desta mesma força. Fazem cá falta. Queremos que sejam mais e queremos alargar ainda mais a CDU a toda essa gente", concluiu.
Culpa Governo por mais uma subida do preço das casas
Na mesma ocasião, o secretário-geral do PCP responsabilizou o Governo "por mais um aumento do custo da habitação" indicando que as opções governamentais estão a "surgir o efeito esperado".
"Hoje fomos confrontados com mais uma notícia que não nos admira, que é mais um aumento do custo da habitação. É caso para dizer que as opções do Governo estão, de facto, a surgir o efeito esperado pelo Governo, que é o aumento do preço das casas, o aumento do negócio da banca e o aumento do negócio dos fundos imobiliários", disse.
Paulo Raimundo falava numa sessão pública da CDU no Seixal, no distrito de Setúbal, na qual participaram ex, atuais e candidatos autárquicos da coligação CDU-PEV aos municípios da Área Metropolitana de Lisboa.
Aumento de 14% a 18% entre abril e junho
O índice de preços da habitação aumentou 17,2% no segundo trimestre, acelerando 0,9 pontos percentuais face aos três meses anteriores, tendo sido transacionados mais de 10 mil milhões de euros, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo o INE, os preços das casas existentes subiram 18,3% e das habitações novas 14,5% entre abril e junho.
Face aos três meses anteriores, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) aumentou 4,7%, contra 4,8% no trimestre precedente, tendo as casas existentes tido um aumento de 5,1% e as habitações novas uma subida de 3,8%.
Paulo Raimundo acusou o Governo de apostar no negócio ao decidir no último Conselho de Ministros "acrescentar mais benesses à banca e aos fundos imobiliários, com a venda ao desbarato do património público e a criação de PPPs para a habitação".
"Tudo, tudo, tudo é negócio e o drama da habitação que enfrentamos no país e, de forma particular, na área metropolitana, não se enfrenta dando mais benesses àqueles que vivem à custa do negócio, à custa da vida de exploração. Resolve-se com o papel central do Estado para promover a habitação pública nas várias vertentes como temos sublinhado. E é isso que é preciso romper", frisou.
O secretário-geral do PCP defendeu que é preciso romper "com o constante desinvestimento do Estado na área da habitação e com a lógica de canalizar para o capital financeiro tudo aquilo que dá lucro, deixando para as autarquias ou para o setor social o que não tem retorno financeiro". Se tem havido intervenção na habitação, frisou, tem sido pelas autarquias.
Paulo Raimundo disse ainda que as eleições autárquicas e os seus resultados não resolverão os problemas estruturais do país, mas considera que "não é indiferente para a resposta que se impõe para os mais idosos, para as crianças e para os mais desfavorecidos, os resultados da CDU".
"Cada passo adiante da CDU é um passo na vida dos trabalhadores, das populações e da juventude, é um passo que se dá no sentido correto na área metropolitana de Lisboa. E é também com este sentimento de responsabilidade sobre a vida de quem cá vive e trabalha na área metropolitana que aqui estamos, prontos para cumprir com os compromissos que aqui hoje assumimos", frisou.