Paulo Raimundo discursou pela primeira vez como Secretário Geral do PCP na Festa do Avante no Seixal e exigiu ao Governo o aumento significativo dos salários "que responda à atual situação", bem como um aumento mínimo das pensões em 70 euros.
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Sob a grande chuva que começou precisamente com a sua intervenção e durou ao longo dos 40 minutos do discurso, Paulo Raimundo apontou armas ao PS "apoiado por PSD, CDS, Chega e IL submissos ao euro e ao cutelo das contas certas que não nos serve e agrava os problemas do país. As contas certas deles desaceleram as nossas vidas".
Paulo Raimundo anunciou a apresentação de medidas na Assembleia da República, tais como a o aumento de todas as pensões em 7.5 por cento, com o mínimo de 70 euros, a fixação dos spreads bancários pela Caixa Geral de Depósitos em 0.25 ou o limite máximo de 0.43 no aumento das rendas já em 2024. "É necessário salvar o Serviço Nacional de Saúde e garantir a dedicação exclusiva de médicos com a majoração salarial de 50 por cento", disse Paulo Raimundo.
O Secretário Geral do PCP afirma que o PCP é "dinamizador de uma alternativa que existe para construir o país soberano e desenvolvido a que temos direito. Um projecto que confronta a política de direita, assenta em Abril e que respeita e faz cumprir o que a Constituição consagra de direitos".
Sobre o tema da Constituição, o antigo secretário-geral do PCP Jerónimo de Sousa considerou no sábado, durante um debate, que a Constituição é referência para solucionar problemas desde a habitação ao ambiente. "No atual contexto de agravamento das injustiças e desigualdades, exigir o cumprimento da Constituição, é uma batalha pelo presente e pelo futuro do povo e do país", afirmou.
Críticas a NATO e UE
No discurso de ontem, Paulo Raimundo lançou críticas à NATO e União Europeia pelo escalar da guerra na Ucrânia. "Nesta Festa da Paz, e com a autoridade de quem desde sempre se empenhou e empenha
contra a guerra e pela construção de um mundo seguro, afirmamos que é preciso dar uma oportunidade à Paz, que precisamos mais de amizade e cooperação e menos de ódio e belicismo".
O Secretário Geral considera que "é preciso agir, face aos que, indiferentes à morte e à destruição, apostam no conflito militar em vários pontos do mundo e insistem a todo o custo na continuação de uma guerra
que na Ucrânia já leva nove anos, que nunca deveria ter começado e que é urgente parar".
A Festa do Avante decorreu este fim de semana na Quinta da Atalaia com concertos, exposições, debates, gastronomia e cultura.
Os 50 anos do 25 de Abril, que se celebram para o ano, estiveram já em grande destaque no centro da festa e também na música. Agir com Carolina Deslandes, Lura, Milhanas e Paulo de Carvalho encerraram o certame no Palco 25 de Abril e deram lugar à tradicional carvalhesa.
Paulo Raimundo entrou no palco com abraços
Paulo Raimundo foi o último a entrar no palco 25 de Abril e nos bastidores cumprimentou todos por quem passou, jornalistas e fotógrafos a acompanhar o evento e membros da equipa técnica e de segurança. "Esperamos que o tempo dê tréguas", disse aos jornalistas. Quem entrou primeiro foi o seu antecessor, Jerónimo de Sousa. Reservado, o antigo Secretário Geral do PCP entrou na companhia de membros do Comité Central do PCP para assistir ao primeiro discurso de Paulo Raimundo depois de décadas a ocupar o palco.