Paulo Raimundo recusa envio dos “nossos filhos e netos” para a guerra. Nas eleições deste mês, quer “voto de protesto” canalizado para a CDU.
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Mais votos e deputados é a meta assumida por Paulo Raimundo, que promete não faltar às soluções para o país, mas recusa criar “ilusões” sobre quaisquer geringonças. Pede que o voto de protesto seja canalizado para os comunistas e garante que “ninguém enfrenta a Direita e a extrema-direita como a CDU”. Sobre a guerra na Ucrânia, defende que a solução está na via diplomática e, quando a Europa repensa o serviço militar obrigatório, o líder do PCP considera será “formar carne para canhão”. “Não permitiremos que enviem os nossos filhos e os nossos netos para uma guerra” que serve “interesses do complexo militar industrial”, alertou ainda.
Já o ouvimos dizer que a queda livre não implica que esbarremos no chão, há uma altura em que se aterra como deve ser. Como espera aterrar no dia 18 de maio?
Espero aterrar com os pés no chão e com o espírito de missão cumprida, no sentido em que fizemos tudo o que esteve ao nosso alcance para termos mais votos, mais percentagem e mais deputados, porque isso implica mais força para as justas reivindicações do nosso povo. É isso que nos move e estamos convictos de que vai ser assim.
Um bom resultado é ter mais eleitos ou só mais votos?
É claro que queremos sempre mais mandatos. Tivemos 205 mil votos nas últimas eleições, quatro deputados. Foi um resultado manifestamente insuficiente face àquilo que era preciso. Aliás, isso ficou demonstrado. Fomos a força que, do ponto de vista político e ideológico mais enfrentou o Governo e a sua política. Mas não bastou. Precisamos de ter mais votos e em todo o lado. Se representarem mais mandatos, melhor ainda. Porque cada voto a mais na CDU significa um voto na resistência e no avanço.
Um grupo parlamentar inferior aos atuais quatro deputados é um cenário que não coloca em cima da mesa?
Não é possível, porque isso não corresponde às necessidades dos trabalhadores, do povo e da juventude. E não corresponde àquilo que vamos ouvindo na rua e ao feedback que vamos tendo na nossa ação diária. O resultado que tivemos há um ano não foi positivo; isso não levou a fecharmo-nos para dentro. Pelo contrário, fomos para o contacto, para o esclarecimento, para a mobilização, para centrar as nossas intervenções em aspetos fundamentais, dos salários, das pensões, da habitação, da saúde, dos direitos das crianças, que é uma frente de trabalho que estamos a desenvolver com grande intensidade. E aquilo que recebemos vai no sentido de termos confiança de que é possível aumentar o número de votos e de deputados.
Crê que é possível recuperar a representação no Alentejo e também mantê-la no Porto?
É legítima a nossa pretensão de recuperar primeiro os dois deputados que perdemos nas últimas eleições. Isto significa aumentar em Setúbal e eleger em Beja. E temos a ambição de voltar a disputar a eleição em Évora, em Santarém, reforçar em Lisboa, sem perder do horizonte Algarve e Braga. E vamos lutar, não para aguentar o deputado pelo Porto, mas para reforçar a nossa representação também neste distrito.
As sondagens continuam a pender para a Direita. Receia ser vítima dessa inclinação?
Vou dizer que não, convictamente. Mas permita-me sustentar a razão. Há duas diferenças. Uma é a maioria política que se expressa no voto. E não há dúvida de que a Direita teve uma expressão eleitoral no seu conjunto de grande significado. Depois, há uma maioria social. E a análise que temos é a de que há uma parte que se expressa do ponto de vista eleitoral na Direita, não porque encontra ali o programa para responder aos seus problemas, mas porque olha para a Direita como uma forma de protesto e de afirmação de que isto não pode continuar assim. Se alguém quer mudar, se quer a rutura com este caminho que temos vivido até aqui, então só tem uma coisa a fazer: é dar força à CDU. E o voto na CDU é o único que dá duas garantias fundamentais: é um voto de resistência, ninguém enfrenta a Direita e a extrema-direita como a CDU; e é um voto fundamental para avançar. Deem as piruetas que quiserem, venham com os cenários, as matemáticas e as proclamações que quiserem, não há nenhuma forma de avançar com medidas concretas que resolvam o problema da vida das pessoas sem o reforço da CDU. Foi sempre assim. Precisávamos de ter tido mais para isso. E vai verificar-se no futuro. Estamos tranquilos com a batalha que estamos a travar.