A hipótese dependia de doença incurável de previsível longa duração.
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O Papa João Paulo II ponderou renunciar no caso de doença incurável de longa duração, mas reconsiderou a sua posição. Quem o confirma é o postulador da causa de beatificação de João Paulo II, padre Slawomir Oder.
A informação vem no livro "Porque é santo", divulgado em Itália em forma de entrevista com o jornalista Saverio Gaeta.
"Perché è santo. Il vero Giovanni Paolo II raccontato dal postulatore della causa di beatificazione" (Porque é santo. João Paulo II contado pelo postulador da causa de beatificação) foi apresentado em Roma, na presença do cardeal português José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, que lembrou que a vida de João Paulo II foi "uma santidade visível, tangível, que se podia tocar com a mão".
O livro tem algumas revelações inéditas, incluindo uma carta escrita pelo Papa, em 1989, na qual manifestava a vontade de renunciar à sua missão, no caso de doença incurável de longa duração ou outro tipo de obstáculo que o impedisse de exercer as suas funções. Retomaria esse assunto em 1994, afirmando aos cardeais que, depois de rezar e reflectir sobre a sua responsabilidade perante Deus, considerou seguir o exemplo de Paulo VI, que, perante o mesmo problema, decidiu não renunciar, sentindo como "grave obrigação de consciência o dever de continuar a desenvolver o trabalho ao qual Cristo Senhor me chamou até quando Ele, nos misteriosos desígnios da Providência, quiser".
O livro apresenta, ainda, a carta aberta que João Paulo II escreveu a Ali Agca, em 11 de Setembro de 1981, autor do atentado na Praça de S. Pedro. O Papa falava sobre o poder do perdão como "condição primeira e fundamental para que não estejamos divididos, uns conta os outros, como inimigos". O Papa perdoou publicamente ao turco a 17 de Maio, quatro dias depois do atentado, e visitou-o na prisão em 1983. Na referida carta aberta, João Paulo II disse que, já na ambulância que o levou até à Clínica Gemelli, tinha perdoado a Ali Agca.
O Pe. Oder aborda também as práticas de mortificação e jejum de João Paulo II, que passava horas a fio deitado no chão nu do seu quarto e se flagelava. Para o sacerdote polaco, a intenção do Papa era "afirmar a primazia de Deus" e usar a mortificação como uma forma de se aperfeiçoar.
Tudo leva a crer que será beatificado em breve, como deseja Bento XVI, que pediu rapidez no respectivo processo.