PCP critica “aqueles” que fazem chantagem com aprovação do Orçamento de Estado
No fecho da Festa do Avante, Paulo Raimundo juntou o PS a partidos de direita: “Falam como se não existisse um país real”.
Corpo do artigo
O secretário-geral do PCP encerrou a 48ª Festa da Avante, na Quinta da Atalaia, com um discurso em que atacou o Governo do PSD e CDS, não poupou o PS e apelou a um novo rumo governativo que aposte em medidas como a taxação dos lucros da banca e o investimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) na habitação pública. No tradicional discurso de encerramento, e perante uma larga plateia para aproveitar o último dia da Festa do Avante deste ano, Paulo Raimundo criticou aqueles “que vêm com a chantagem da instabilidade política” com o chumbo do Orçamento de Estado, pediu um virar da política à esquerda e no campo internacional mostrou apoio à Palestina, a Cuba e Venezuela.
“Ou se governa para a maioria, ou se está ao serviço de uma minoria que se apropria de grande parte da riqueza que é criada. É esta a resposta que se impõe dar e desde já no Orçamento do Estado, e não venham com a chantagem da instabilidade política. A verdadeira instabilidade é a da vida das pessoas”, disse Paulo Raimundo no Palco 25 de Abril.
O líder do PCP criticou todos os partidos à direita do hemiciclo, excecionando o Livre, sobre a forma como é discutido o Orçamento de Estado, sem o que considera ser a resolução de problemas das urgências hospitalares, escolas, habitação. “Uns e outros, PSD, CDS e PS, Chega e IL, falam do Orçamento como se não existisse um País real. Falam de referendos, linhas vermelhas, quando o se impõe é responder já às gravidas que não conseguem ir a uma urgência de obstetrícia, aos trabalhadores e aos reformados sempre a fazer contas à vida, aos que não conseguem aceder à habitação, às crianças sem vaga na creche ou no pré-escolar, aos estudantes sem professores e sem condições financeiras para aguentar a universidade, aos imigrantes que passam por vezes anos a tentar regularizar a sua situação”.
Raimundo aproveitou o palco neste domingo bastante solarengo, ao contrário de anteriores edições da Festa do Avante, para insistir em medidas que já tinha trazido a público no início do ano, como a comissão de inquérito à privatização da ANA. “A Inspeção-Geral de Finanças confirmou que a TAP foi comprada com o próprio dinheiro, mais um crime económico e político que torna evidente a urgência de parar já a nova privatização. Até quando PS e PSD vão continuar a travar a comissão parlamentar de inquérito a outro crime que foi a privatização da ANA?”.
Paulo Raimundo pediu, por fim, uma “alternativa política que põe os lucros da banca a suportar o aumento das taxas de juro, que dá estabilidade aos contratos de arrendamento, trava os despejos, regula as rendas e investe 1% do PIB por ano na habitação pública”.