PCP critica "aumentos inaceitáveis" nos serviços postais e de telecomunicações
O PCP criticou hoje os "aumentos inaceitáveis" nos preços dos serviços postais e de telecomunicações, considerando que mostram "o quão profundo é o domínio do poder económico", e insistiu na necessidade de um serviço público nos dois setores.
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Em comunicado, o PCP refere que entram hoje em vigor os aumentos de preços nas telecomunicações e nos correios, salientando que se tratam de "serviços públicos essenciais que estão liberalizados, processo no qual o Estado português alienou os seus instrumentos estratégicos, designadamente por via da privatização dos CTT e da PT".
"Aumentos inaceitáveis só justificados pela necessidade incessante de aumentar os lucros, ou seja, de aumentar as rendas daqueles que vivem da aplicação de capital", critica-se.
Para o partido, "a normalização que procuram fazer destes aumentos, nomeadamente os economistas e os comentadores ao serviços dos interesses dos grupos económicos e das multinacionais, só mostra o quão profundo é o domínio do poder económico".
"Registe-se que nos CTT, os lucros aumentaram 2,5% nos primeiros nove meses de 2023, na NOS aumentaram 6,4% no mesmo período, e na Vodafone e Altice, que não anunciaram os resultados líquidos dos primeiros nove meses, anunciaram aumentos significativos na receita gerada no período", salienta-se.
O PCP indica ainda que a ANACOM "andou anos a demonstrar que Portugal tinha dos preços mais altos das telecomunicações na Europa, sem que o Governo tivesse tomado qualquer outra medida que não fosse a substituição - assim que foi possível - do presidente da ANACOM".
Relativamente ao serviço postal, o partido sublinha que o aumento de preços nos CTT ocorre "no quadro de um acordo secreto realizado entre o Governo PS e a administração dos CTT, que implicou a revisão da lei postal e as alterações ao contrato de concessão, e que se materializou em junho de 2023 num acordo que permite aos CTT aumentarem em 30% o preço dos serviços postais em três anos".
"Realidade sobre a qual PSD, CDS, Chega e IL convergiram, uma vez mais, na defesa dos interesses dos acionistas desta empresa estratégica", defendem.
O PCP salienta ainda que estes aumentos de preços ocorrem "em empresas onde os seus trabalhadores tiveram aumentos salariais aquém das suas necessidades e das possibilidade que existem nestas empresas".
"Tudo isto num país, como o PCP tem reivindicado, proposto e demonstrado, onde se encontram reunidas as condições para o desenvolvimento de um serviço público postal e de telecomunicações universal e tendencialmente gratuito", sustentam os comunistas.
O partido defende que é necessário "alterar o atual rumo nacional, de romper com a submissão do poder político ao poder económico, de reforçar, de todas as formas, a luta contra o aumento da exploração e das desigualdades, de dar mais força ao PCP e à CDU nas próximas eleições de 10 de março".
As operadoras de telecomunicações Meo (Altice Portugal), NOS e Vodafone Portugal vão aumentar os serviços em 4,3% a partir de hoje, em linha com a taxa de inflação de 2023, de acordo com informação disponível 'online'.
Em 04 de janeiro, os CTT anunciaram também que iriam aumentar, a partir hoje, em 9,49%, em média, o cabaz de preços do serviço universal, detalhando que o envio de uma carta até 20 gramas custará mais quatro cêntimos.