O PCP entregou um requerimento no Parlamento, esta sexta-feira, para a audição de Durão Barroso e de Paulo Portas sobre a intervenção militar no Iraque, em 2003.
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Os comunistas querem que o antigo primeiro-ministro e o então ministro de Estado e da Defesa expliquem as "suas responsabilidades, nomeadamente por terem envolvido Portugal naquela guerra de agressão", ao permitirem a realização daquela que ficou conhecida como a "Cimeira das Lajes" - que marcou o arranque do conflito.
Quatro dias após aquele encontro nos Açores, a 16 de março, onde estiveram, além de Durão, os líderes dos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha, começou a invasão de Bagdade.
O pedido surge com a divulgação do Relatório Chilcot, no Reino Unido, onde se sublinha que as "informações que indiciavam a existência de armas de destruição maciça no Iraque eram falsas", citam os deputados do PC João Oliveira e Carla Cruz, no documento a que o JN teve acesso.
"Em Portugal, Durão Barroso e o seu Governo, com a realização da 'Cimeira da Guerra' em território nacional e a cedência da Base das Lajes, foram coresponsáveis pela guerra no Iraque e pelos crimes cometidos contra o povo iraquiano. Durão Barroso e o seu Governo afrontaram a letra e o espírito da Constituição da República", sustentam, frisando que o relatório já obrigou o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, a pedir desculpas ao povo britânico.
"Saddam Hussein não apresentava qualquer ameaça à paz naquela altura e confirma que todos os avisos que foram dados sobre a instabilidade que se poderia seguir a uma invasão sem qualquer plano de saída foram ignorados" - lê-se nas conclusões invocadas neste requerimento.
Refira-se que o nome de Durão só aparece duas vezes no relatório, denunciando que não teve peso numa decisão que, alegadamente, já estaria tomada por americanos e britânicos. Aquele que veio a ser presidente da Comissão Europeia logo depois não terá passado de um anfitrião, que deu visibilidade e formalidade ao anúncio de guerra.