Procura pelo programa "Mais Feliz", que comparticipa despesas como a renda da casa ou a conta da água, aumentou 73% no ano passado.
Corpo do artigo
Há cada vez famílias a pedirem apoio à Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) para pagarem a renda da casa e despesas básicas, como as contas da água ou da eletricidade, mas também do supermercado. No ano passado, ao abrigo do programa "Mais Feliz", que apoia famílias mais vulneráveis, a procura aumentou 73%. Números que, sublinha a CVP em comunicado, "confirmam a tendência, já registada nos anos anteriores, de um aumento expressivo dos pedidos de apoio".
A Cruz Vermelha vai lançar, no próximo fim de semana, uma nova campanha solidária de recolha de bens alimentares e de produtos de higiene em mais de 340 lojas de grandes superfícies. Materializa-se, ainda, entre os dias 7 e 17 de março, em vales monetários ou alimentares que podem ser adquiridos nos pontos aderentes.
No ano passado, a CVP ultrapassou as 50 mil famílias apoiadas através das suas estruturas locais, num total de 159 delegações espalhadas por todo o país. O cartão Dá CVP, que tem um saldo equiparado ao valor dos cabazes de alimentos, registou, no ano passado, "um aumento de 59% no número de pessoas apoiadas", sendo que três quartos dos beneficiários eram mulheres, a maioria entre os 30 e 50 anos de idade. Acompanhando o retrato da pobreza em Portugal, as equipas sociais da CVP dão nota de um "número significativo de famílias monoparentais - 35% - a requererem" aquele apoio.
Em 2022, recorde-se, quase um terço das monoparentais, mais de 88% das quais femininas, estava em risco de pobreza, que compara com uma taxa nacional de 17%. Por outro lado, mais de 40% dos beneficiários do cartão Dá CVP estão desempregados e 27% trabalham por conta de outrem mas, mesmo assim, não conseguem fazer face às despesas mensais.
Relativamente ao programa "Mais Feliz", face ao acréscimo dos pedidos de ajuda, o valor disponbilizado para apoios económicos registou um aumento de 53% em 2023. Vincando a CVP, no referido comunicado, que, além de auxiliar economicamente as famílias em situação de maior vulnerabilidade, o programa, "acima de tudo, ajuda-as a construir um plano de intervenção individual, tendo como objetivo a capacitação para a autonomia".
Já nas dez estruturas locais que acompanham pessoas em situação de sem-abrigo o crescimento foi de 80% face a 2022, numa resposta que chegou a 1986 pessoas, 69% das quais homens. Em média, foram distribuídas 785 refeições por dia.
Para mais informações sobre a campanha que se inicia nesta quinta-feira pode consultar o site da Cruz Vermelha Portuguesa.