Pedidos já começam a chegar, mas seguradoras ainda não sabem avaliar volume de indemnizações
Pouco mais de 48 horas após o apagão que deixou Portugal e Espanha às escuras, as participações de sinistros já começam a chegar às seguradoras, mas o volume de indemnizações a pagar ainda é uma incógnita. O representante do setor alerta que, na maioria dos contratos, a cláusula que prevê estas situações é facultativa.
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O corte abrupto na rede energética que ocorreu na segunda-feira, durante cerca de dez horas, avariou milhares de equipamentos elétricos em todo o país, nomeadamente no setor da indústria, mas até ao momento ainda é precoce avaliar a dimensão dos prejuízos. Ainda assim, as participações de sinistros já começaram a chegar, conforme adiantou a Associação Portuguesa de Seguradoras (APS), numa resposta escrita enviada ao JN.
Porém, e uma vez que "a maioria dos contratos de seguros eventualmente acionáveis nesta situação são de contratação facultativa e não têm um clausulado uniforme", as coberturas "não têm a mesma configuração nos produtos comercializados pelas diferentes seguradoras", fazendo com que, até ao momento, não seja possível estimar "o eventual volume de indemnizações a pagar pelo setor". "De qualquer modo, a APS está a acompanhar a situação, em articulação com as suas associadas, que têm as suas equipas preparadas para dar resposta às participações de sinistros que chegarem e, caso se justifique, prestará informação que possa ser considerada relevante", garantiu a associação.
Conforme foi noticiado pelo JN, nesta quarta-feira, os danos provocados pelo apagão generalizado ainda estão por apurar e o processo pode levar alguns dias a ser concluído, já que há avarias em grandes equipamentos, na ordem dos milhares de euros, que ainda não têm resolução. Esta é, aliás, uma das maiores preocupações do setor da indústria. "Não estávamos a contar que tivéssemos tantas empresas a dizerem-nos que tinham ficado com equipamentos avariados. É mesmo grave porque os equipamentos são investimentos de custo elevado", alertou Ana Paula Dinis, diretora-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. A preocupação foi partilhada por Mafalda Gramaxo, diretora-geral da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, que explicou ao JN que, no setor, há máquinas que trabalham 24 horas e que sofreram danos devido ao apagão.
Também ao JN, a secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) revelou que está em contacto próximo com as seguradoras, de modo a precaver situações similares no futuro. "Temos de encontrar soluções adequadas para este novo normal, porque até agora tudo isto eram exceções que podiam nunca acontecer, mas agora vão acontecer muitas vezes, e as seguradoras podem ter um papel mais relevante", apontou Ana Jacinto.