O economista Pedro Arroja, responsável pelo programa macroeconómico do Chega em 2022, acusou André Ventura de ser "o maior fator de risco para a implosão" do partido e culpou o líder pelo "tombo do Chega" nas eleições europeias.
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Num texto publicado no blogue pessoal "Portugal contemporâneo", o militante do Chega deixou duras críticas a André Ventura, acusando-o de "não gostar de dar protagonismo a ninguém" e de se sentir ameaçado por todos aqueles que possam ganhar importância no partido. "Aquilo que se passou com o embaixador Tânger Correia é disso um exemplo paradigmático", escreveu. Pedro Arroja considerou que o resultado do Chega nas eleições europeias do último domingo é, por isso, da responsabilidade do líder, "o maior fator de risco para a implosão do partido".
O partido de André Ventura obteve, no último domingo, 9,8% dos votos, depois de em março ter conseguido o dobro da percentagem nas eleições legislativas. "Ainda bem que aconteceu nas eleições europeias, que não são as mais importantes das eleições", atirou o economista, no texto publicado na última terça-feira.
Pedro Arroja, que em 2022 apresentou o programa macroeconómico do partido, considerou que o Chega lançou um candidato "praticamente desconhecido", numa crítica direcionada a Ventura, e não a Tânger Correia, o "candidato mais competente, mais bem preparado e mais experiente", na opinião do militante, de entre todos os candidatos ao Parlamento Europeu.
Para justificar a acusação de que André Ventura "se fecha sobre si próprio e não ouve ninguém", o economista recordou que os cartazes publicitários do Chega, espalhados pelas cidades, continham o rosto do presidente do partido "que não era candidato a coisa nenhuma". "E mesmo quando, sob forte pressão e à última da hora, foram feitos flyers e cartazes com o candidato do Chega às europeias, ele tinha lá ao seu lado, para não se sentir sozinho, o presidente do partido".
No longo texto, o militante 29787 argumenta que outro motivo pelo "tombo do Chega" é a "desorientação ideológica" do partido, defendendo que "berrar já não garante o sucesso do passado". "Na ânsia de agradar a todos, o Chega perdeu identidade ideológica".
Pedro Arroja foi presidente da Associação Joãozinho, entidade que esteve ligada à construção, através de mecenato, da ala pediátrica do Hospital de S. João, no Porto. Em março, o Tribunal Europeu Dos Direitos Humanos deu-lhe razão e obrigou o Estado português a pagar-lhe uma indemnização de 15 mil euros. Em causa estava um crime de difamação, ao qual tinha sido condenado, depois de declarações sobre promiscuidade entre políticos e negócios, dando o exemplo do à data eurodeputado Paulo Rangel.