O ex-ministro das Infraestruturas entre 2015 e 2019, Pedro Marques, voltou a acusar o atual vice-presidente do PSD, Miguel Pinto Luz, de ter autorizado que o Estado ficasse com "100% dos riscos" da privatização da TAP. Na comissão parlamentar de inquérito (CPI), Marques também alegou que o Governo PSD/CDS não o informou sobre o negócio dos fundos Airbus quando, em 2015, foi feita a transição de pastas. Pinto Luz já negou.
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Um dia após falar na comissão de Economia, Pedro Marques alegou que o Governo do PSD fez "esforços muito intensos" para concluir, "à pressa", a venda da TAP. Referiu que, a 12 de novembro de 2015 (quando já se sabia que o Executivo cairia), Pinto Luz - então secretário de Estado das Infraestruturas - assinou uma carta-conforto que obrigava o Estado a "recomprar a TAP caso a gestão falhasse algum pagamento aos bancos".
Nesse sentido, Pedro Marques disse ter-lhe causado "imensa estranheza" que Pinto Luz tenha garantido ao Parlamento que não assinou qualquer carta conforto. O atual eurodeputado referiu que a assinatura de Pinto Luz consta no documento da Parpública que autoriza a carta-conforto.
Marques garantiu ainda que só em 2016, já no Governo, soube da existência dos fundos Airbus. Estes serviram para capitalizar a TAP com dinheiro da própria companhia.
"Os membros do Governo que fizeram a transição de pastas não informaram de nenhuns fundos Airbus", frisou. Alegou que só soube deles quando David Neeleman, que comprou a TAP, o referiu numa entrevista.
Pedro Marques foi também questionado, pelos partidos à Direita, sobre se António Costa o pressionou a escolher Lacerda Machado para administrar a TAP. Não houve "absolutamente nenhuma pressão", respondeu.
Pinto Luz não tardou a negar as acusações. Nas redes sociais, escreveu ser "a segunda vez" - depois de João Galamba - que um ministro admite ter comprado uma participação na TAP "sem ter lido os documentos" sobre a capitalização.
"Os documentos da Airbus estavam no processo e foram passados", garantiu, acusando Marques de "impreparação". Também vincou que este "não consegue explicar o pagamento de 55 milhões a Neeleman".