O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, disse, esta sexta-feira, que o primeiro-ministro “não é sério” e compara “alhos com bugalhos” depois de Luís Montenegro o ter acusado de incoerência a propósito da lei da greve.
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“O ainda primeiro-ministro não é sério, faz mesmo da mentira um estilo de vida e compara alhos com bugalhos. Estávamos a falar de uma greve que parou o país, uma greve que impediu o abastecimento de infraestruturas críticas e em que os serviços mínimos não estavam a ser cumpridos”, disse o líder socialista, no início de uma visita à feira semanal de Trancoso, distrito da Guarda, onde arrancou o sexto de campanha oficial.
E concretizou: “Portanto, estamos a falar de situações completamente diferentes que não têm qualquer comparação”.
O líder do PSD acusou na quinta-feira o secretário-geral do PS de incoerência e leu declarações de Pedro Nuno Santos de 2019 em que o então ministro defendeu uma reflexão sobre a lei da greve e a organização sindical.
“Nós temos muitos trabalhadores portugueses que estão a ser prejudicados, já vamos no terceiro dia, a ser prejudicados por esta greve e o principal responsável é o Governo”, afirmou Pedro Nuno Santos.
Acrescentou ainda: “O que nós temos é um Governo que não é sério, que não está a cumprir com a sua palavra e isso obviamente leva a que os trabalhadores tenham sentido e se sintam revoltados com o não cumprimento daquilo que tinha sido acordado no ano passado”.
Pedro Nuno Santos lembrou que, no ano passado, houve um acordo entre o Governo, a CP e os trabalhadores que pressupunha atualizações salariais ao longo de 2025, “que não estão a acontecer”.
Referiu ainda que este Governo e a administração da CP não asseguraram que fossem decretados serviços mínimos e lembrou que, durante todo o período em que foi ministro das Infraestruturas e em que houve várias greves, em todas elas foram decretados serviços mínimos.
“E há aqui um padrão, porque não é a primeira vez, já tinha acontecido o mesmo com a greve do INEM, em que desvalorizaram a greve e nem sequer foram decretados também serviços mínimos. Ora, isso está a prejudicar fortemente a população, nomeadamente a população que utiliza o comboio”, referiu.
Questionado sobre a greve dos motoristas em 2019, salientou que, na altura, os serviços mínimos não foram cumpridos e que “não se está a falar da mesma coisa”.
“Aqui, neste caso, nós temos um falhanço, temos incompetência deste Governo. E o que faz Luís Montenegro sempre que é apertado? Tenta desviar as atenções quando a responsabilidade é sua, é do seu Governo, é de terem faltado à palavra e é de serem incompetentes na gestão, serem incompetentes na gestão de situações complexas, difíceis, como uma greve”, frisou.
Num comício em Santarém, no final do quinto dia oficial de campanha da AD (coligação PSD/CDS-PP), Luís Montenegro voltou ao tema da greve da CP, dizendo que foi alvo de “um corrupio de comentários” por ter admitido alterações à lei para equilibrar o direito à greve com outros.
Montenegro citou declarações de Pedro Nuno Santos, em julho do mesmo ano à Lusa, em que manifestou preocupação com greves em períodos eleitorais, dizendo concordar com o que então defendia o ministro, lamentando que hoje o líder do PS o tenha acusado de insulto à democracia.
Governo PS será de diálogo e estabilidade
Pedro Nuno Santos garantiu que o presidente da República pode ficar descansado porque um Governo liderado pelo PS será de diálogo e de estabilidade.
“O presidente da República pode ficar descansado porque um Governo liderado pelo PS será um Governo de diálogo e de estabilidade. Eu, quando estive nos Assuntos Parlamentares a coordenar negociações com quatro partidos ninguém acreditava que se conseguisse aprovar um, que fará quatro, conseguimos aprovar quatro”, afirmou o líder socialista, no início de uma visita à feira semanal de Trancoso, distrito da Guarda, onde arrancou o sexto de campanha oficial.
E, portanto, acrescentou: - “Aquilo que vai acontecer também na próxima legislatura é que um Governo liderado pelo PS vai garantir estabilidade política ao país e diálogo entre todas as forças políticas”.
Na quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que quer nomear um Governo com a certeza de que o respetivo programa será viabilizado no parlamento, o que considerou ser "a questão fundamental" nesta matéria.
"O presidente está à vontade para nomear um Governo tendo a certeza que o Governo não é rejeitado imediatamente. Não está à vontade para o nomear não tendo essa certeza", declarou ainda Marcelo Rebelo de Sousa.
Pedro Nuno Santos garantiu que “só há uma forma” de haver estabilidade política em Portugal “que é com uma vitória do PS”, reforçando já ter dado mostras de ser capaz de dialogar para uma solução de estabilidade para os próximos quatro anos.
“O ainda primeiro-ministro trouxe instabilidade ao país, atirou o país para eleições quando se sentiu apertado, a AD nunca conseguirá garantir estabilidade ao país, a única coisa que garantiria se, por acaso, ganhasse as eleições era a continuação da instabilidade política que Luís Montenegro nos trouxe”, frisou ainda.