O secretário-geral do PS acusou o primeiro-ministro de não revelar todos os clientes da Spinumviva e "de ser escondido atrás dos familiares". Pedro Nuno Santos confirmou ainda que os socialistas vão votar "obviamente" contra uma moção de confiança ao Governo de Luís Montenegro.
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No dia em que se conheceram os clientes, as atividades e os trabalhadores da empresa familiar de Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos veio exigir mais esclarecimentos ao primeiro-ministro, para que fique a certeza que não ficou a dever favores a ninguém. Em Mirandela, esta sexta-feira à noite, o líder socialista foi perentório ao dizer que a “empresa é Luís Montenegro”, acusando o primeiro-ministro de não revelar todos os clientes da Spinumviva e “de se ter escondido atrás dos familiares”. "Houve uma seleção de cinco, seis empresas e não estão lá todas. O grupo Cofina não consta daquela lista".
"Não comemos gelados com a testa. Quem angariou os clientes foi o primeiro-ministro. Aquelas empresas só trabalham com a empresa do primeiro-ministro porque é de Luís Montenegro. Não é por causa dos familiares”, afirmou, garantindo que “obviamente” votará contra uma moção de confiança. “Esperamos um líder com coragem para assumir o que fez”, referiu.
Esta manhã, o socialista já tinha mencionado que "não podemos ter um primeiro-ministro sobre o qual recaia suspeita. Já não há volta a dar a não ser dar todas as explicações sobre essa empresa para que não restem dúvidas".
Da demissão ao encerramento da empresa: o que dizem os outros partidos?
André Ventura foi perentório ao referir que o primeiro-ministro deve “apresentar ao presidente da República a sua demissão” ou “questionar o Parlamento se mantém confiança na sua governação”. “Um primeiro-ministro em funções não deve receber dinheiro de empresas privadas, nem há nenhum país da União Europeia onde isso possa acontecer”, realçou o líder do Chega.
Já Rui Rocha considerou que Montenegro “tem que decidir se quer ser primeiro-ministro ou empresário”, vincando que “não é possível acumular rendimentos empresariais com o cargo de primeiro-ministro”. Para o líder da Iniciativa Liberal não há volta a dar. “Tem que desligar-se completamente desta empresa, seja por via direta ou de participação de familiares”, referiu.
Rui Tavares, porta-voz do Livre, completou ao sugerir que o primeiro-ministro deve entregar a empresa a uma “gestão completamente profissional com a qual não tem nenhum contacto”.
Mais à Esquerda, Mariana Mortágua disse que Montenegro vai ter hoje a última oportunidade para dar todas as explicações ao país para “evitar que a Assembleia da República tome nas mãos a obrigação de esclarecer”, aludindo a uma possível comissão de inquérito. “Um primeiro-ministro não pode viver sob este tipo de suspeitas”, declarou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Paulo Raimundo, do PCP, vincou que o episódio é a imagem de um Governo “ao serviço dos grupos económicos e incentiva a promiscuidade entres estes e os interesses do Estado”.
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, também exigiu esclarecimentos ao primeiro-ministro acerca da atividade da empresa da sua família e pediu ao presidente da República que fale sobre o tema. Em silêncio ficaram PSD e CDS.