Pedro Nuno acusa Montenegro de ter discurso "sem ambição e visão" para Portugal
O secretário-geral do PS considerou esta quarta-feira que o primeiro-ministro fez um discurso “sem ambição, sem visão e sem um desígnio para Portugal”, e desvalorizou a sua ausência na cerimónia da tomada de posse. Pedro Nuno Santos adiantou que quer conversar com Montenegro sobre o orçamento retificativo.
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“Foi um discurso sem ambição, sem visão, sem um desígnio para Portugal. Mais focado na oposição do que em Portugal. Assistimos a um governo de lamentação, de queixume, de não deixarem trabalhar ou fazer o que pretendem”, afirmou, durante uma conferência de imprensa na sede do PS, em Lisboa.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, não marcou presença na tomada de posse do XXIV Governo Constitucional, fazendo-se representar pela dirigente Alexandra Leitão. Questionado insistentmente pelos jornalistas sobre a sua ausência, Pedro Nuno limitou-se a dizer que "não pode ir" e recusou-se a dar uma justificação para a decisão.
O líder socialista recordou que nas eleições legislativas de março a AD e o PS só ficaram separados por “50 mil votos”, considerando que a coligação não pode ficar amarrada a uma “posição de fixado à espera que PS dê a maioria que o povo português não deu à AD. Isso exige respeito da AD por todos os partidos, desde logo com o Partido Socialista”, salientou.
“Se o não é não de Luís Montenegro é para levar a sério, aquilo que eu disse na noite eleitoral também é para levar a sério. O PS será oposição, uma oposição responsável. Nós votaremos a favor daquilo com o que concordamos e votaremos contra aquilo que não concordámos. E também apresentaremos as nossas iniciativas”, acrescentou, revelando que vai tomar a iniciativa de conversar com Luís Montenegro sobre o orçamento retificativo.
Pedro Nuno Santos considerou que o que colocou pressão sobre o novo Governo “é o programa económico proposto pela a AD” e não o “excedente orçamental”. “A teoria dos cofres cheios resultou de um programa eleitoral em que a AD prometeu tudo a todos. O excedente orçamental quanto muito deixa este Governo numa posição de partida mais favorável”, disse.
“Semelhanças entre a resposta da AD e programa do Chega”
O socialista referiu ainda o “compromisso firme do PS para defender o seu programa e o seu ideário”, realçando que é um dever que temos para com a Democracia e para quem votou no PS”. E aproximou a AD do partido de André Ventura: “Há mais semelhanças entre a resposta da AD com aquilo que está no programa Chega do que com o programa do PS. Temos visões diferentes do Estado social, visões diferente da política fiscal, visões diferente da resposta que é preciso dar o desenvolvimento económico nacional”, vincou.
Durante a conferência de imprensa, o secretário-geral do PS recordou que foi contactado 15 minutos antes da eleição do presidente da Assembleia da República, para dizer que “não é assim que se trabalha com o PS”. “Se há um líder político que se disponibilizou para governar, tem de apresentar soluções e não fazer reptos públicos ao PS. Isso não funciona assim. A forma de trabalhar connosco é respeitando o PS”, afirmou.
Quanto ao combate à corrupção, Pedro Nuno Santos salientou que essa matéria “avançou muito em Portugal” nos últimos anos, estando o “PS disponível para esse trabalho”. Recorde-se que no Conselho de Ministros do XXIV Governo Constitucional o Governo mandatou a ministra da Justiça a iniciar diálogo com todos os partidos com assento parlamentar e sociedade civil para promover um pacote de medidas eficaz e consensual para combater a corrupção.