Pedro Nuno Santos, afirmou, esta segunda-feira, que seria "um erro" não haver um orçamento retificativo e deixar matérias sobre as quais "há concordância" apenas para o Orçamento do Estado para 2025. Reiterou, várias vezes, que não é o PS que é responsável pela estabilidade governativa.
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Pedro Nuno Santos afirmou que o PS se disponibilizou para aprovar um orçamento retificativo caso seja necessário. O líder socialista considerou que seria "um erro" o novo Governo não o fazer, deixando as despesas que não estavam previstas relativamente a questões sobre as quais há concordância entre o PS e a AD (Aliança Democrática) - como os aumentos salariais e as progressões na carreira da Administração Pública - apenas para o Orçamento do Estado (OE) para 2025.
"Enquanto oposição responsável, que quer ser parte da resolução do problemas, em matérias sobre as quais há posições conjuntas, nós queremos ser parte", reiterou Pedro Nuno Santos em entrevista no "Jornal Nacional" da TVI/CNN Portugal, a primeira desde as eleições legislativas de março. O líder socialista sublinhou ainda que "são medidas apoiadas por quase todos os partidos" na campanha eleitoral. Para Pedro Nuno Santos, "não há razão para adiar" as respostas à função pública.
Pedro Nuno Santos voltou a marcar também a posição de que é "praticamente impossível" o PS viabilizar o OE em outubro, pela distância de programas políticos dos socialistas e da AD. "O Orçamento do Estado não é uma soma de medidas, traduz uma visão e uma estratégia para o país. O próprio líder da AD fala numa mudança que é uma mudança em relação à visão do PS", apontou,
Sobre uma possível crise política ainda este ano, o líder socialista tirou, várias vezes, o peso da estabilidade governativa dos ombros do partido, sublinhando que "o que interessa ao país são as políticas implementadas". Pedro Nuno Santos considerou ainda que governar em duodécimos seria negativo. Reiterou também que o PS não vai aprovar moções de rejeição - como a do PCP - nem de confiança ao programa do novo Governo, que será apresentado na quarta-feira.
Perante a perda nas legislativas, o líder socialista reforçou que o PS "assumiu o seu lugar na oposição", considerando que "o pior serviço" que o partido poderia fazer ao país seria deixar o "Chega isolado a liderar a oposição".
Quanto à missiva que enviou esta segunda-feira ao primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos afirmou que "concretizou" uma declaração pública que já tinha feito. Recorde-se que esta segunda-feira, o líder socialista escreveu ao primeiro-ministro disponibilizando-se para negociar um acordo que, em 60 dias, resolva a situação de certos grupos profissionais da administração pública.
Recorde-se que Luís Montenegro aceitou o repto, saudando o "exercício de responsabilidade política e compromisso" do líder socialista. O primeiro-ministro comprometeu-se a agendar "oportunamente uma reunião de trabalho" sobre a matéria, mas deixou claro que será o Governo a definir o "tempo e modo" do processo negocial com as organizações representativas dos trabalhadores. Apesar de positiva, a resposta "não deixa de ter a dose de arrogância" que Montenegro tem manifestado, considerou.
Ainda sobre os aumentos salariais, Pedro Nuno Santos garantiu que as propostas do PS estão enquadradas no cenário macro-económico do país. "Aquilo que nós apresentámos hoje apresentámos durante as eleições e a campanha".
O líder socialista deixou também um recado para que o Governo não se colocar "em becos sem saída" ao forçar uma votação do Programa de Estabilidade, que tem de ser apresentado a Bruxelas. Para Pedro Nuno Santos, a votação seria entendida "como uma provocação para o PS". A decisão não passa pelo Parlamento, a menos que o Governo ou algum partido apresentem projetos de resolução a favor ou que rejeitem o programa
Questionado se o PS irá apoiar a proposta do Chega sobre a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para averiguar o caso de favorecimento das duas gémeas luso-portuguesas no acesso a tratamento no SNS, Pedro Nuno Santos considerou uma desvalorização perante o trabalho da Assembleia da República, onde existem comissões parlamentares para a discussão. "A comissão parlamentar de inquérito não vai acrescentar nada a este assunto", referiu. Ainda assim, o líder socialista comprometeu-se a favorecer o debate sobre o acesso de todos os serviços públicos.
Urgente clarificar Operação Influencer
Instigado sobre a Operação Influencer, que levou à demissão de António Costa, o líder socialista defendeu que o ex-primeiro-ministro já deveria ter sido ouvido pela Justiça, lembrando as "consequências democráticas profundas" que o processo teve. Pedro Nuno Santos defendeu, por isso, que deve ser exigido um "tratamento com respeito, urgência e celeridade" em relação a Costa, mas também "em relação a todos os portugueses".
Quanto ao anúncio do cabeça de lista do PS às eleições europeias, agendadas para junho, Pedro Nuno Santos disse aguardar o debate do programa do novo Governo para o fazer.