Pedro Nuno foi aos bairros da Grande Lisboa e visitou exemplo de "cooperação" entre a PSP e a comunidade
O líder do PS, Pedro Nuno Santos, esteve esta segunda-feira em Oeiras a visitar um "bom exemplo" de "cooperação" entre a Polícia e bairros periféricos. Se, de manhã, tinha apontado a mira ao Governo, da parte da tarde também o fez ao Chega, que acusou falar "em nome da segurança" para "alimentar a tensão e o conflito".
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Sem nunca mencionar o partido de André Ventura, o secretário-geral socialista criticou as "análises simplistas e superficiais" sobre as causas da violência que, em outubro, se registou em locais dos arredores de Lisboa, na sequência da morte de Odair Moniz. A este respeito, sublinhou que a responsabilidade "nem é só da Polícia, nem é só de quem vive nos bairros".
"Infelizmente, assistimos a discursos de responsáveis políticos que falam em nome da segurança mas aquilo que fazem é dividir e alimentar tensão e conflito", prosseguiu Pedro Nuno Santos. "O que é preciso é o contrário: promover a unidade e a união", acrescentou. Horas antes, Ventura tinha criticado o périplo do PS por ir a alguns dos bairros da Grande Lisboa em que houve tumultos.
Foi para "mostrar ao país" um "bom exemplo" de "cooperação" entre a PSP e a comunidade que Pedro Nuno visitou Oeiras. Ao lado de Isaltino Morais, presidente da Câmara local, elogiou o projeto de proximidade "Gira no Bairro", da esquadra de Caxias: "É possível termos a PSP e a comunidade de um bairro lado a lado", enalteceu, expressando o desejo de que este exemplo se generalize.
Questionado sobre o que levou aos tumultos, Pedro Nuno começou por dizer que "não há justificação para a violência", garantindo também estar consciente dos problemas dos polícias - na terça-feira, reúne-se com dois sindicatos das forças de autoridade. No entanto, referiu que é preciso "empatia" e capacidade para cada um se colocar "nos sapatos dos outros". Admitiu que a erradicação de barracas criou "alguns guetos", que ficaram "afastados dos serviços públicos e do Estado" e, em consequência, votados ao "abandono".
No bairro do Zambujal, desafiou Montenegro a sair do "gabinete"
O périplo de Pedro Nuno pela periferia lisboeta começou às 10 horas, no bairro do Zambujal, Amadora, onde vivia Odair Moniz. A visita pareceu ter dois propósitos: sinalizar que a normalidade nos bairros não se garante apenas pela via "securitária" e, também, procurar estabelecer um contraste com o Governo - mostrando que, ao contrário de Luís Montenegro, se desloca ao terreno. Repetiu esta ideia da parte da tarde.
"Quando a única coisa que fazemos é chamar as associações para se reunirem connosco num gabinete, não estamos a cuidar de ouvir as pessoas", referiu Pedro Nuno, no bairro do Zambujal. Horas depois, já em Caxias, insistiu: "Era muito importante que os membros do Governo viessem ao terreno, conhecessem os bons exemplos e o que não corre bem para, depois, terem as políticas certas". Pelo meio, elogiou o presidente da República por ter ido ao Zambujal.
O líder do PS foi guiado pelo bairro por Vítor Monteiro, do CAZAmbujal, uma associação recreativa local. Vítor contou-lhe a história das pinturas que decoram as paredes de alguns dos prédios de alto a baixo - uma delas de duas mulheres, outra de duas crianças negras que regam uma planta, sob o olhar da mãe. Pedro Nuno enalteceu as "mulheres e homens que fazem o bairro andar e ajudam à integração".
Quando caíram os primeiros pingos de chuva, foi o líder socialista que segurou no chapéu, dando abrigo a Vítor. Àquela hora quase todos estavam nas aulas ou a trabalhar, pelo que Pedro Nuno praticamente não se cruzou com ninguém. À janela, um ou outro idoso espreitava, curioso.
Mandela, Madre Teresa e... Ronaldo
O líder do PS visitou uma creche da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, no primeiro dia de funcionamento das novas instalações após um longo período de obras. Lá dentro, deteve-se um momento para fazer um pequeno puzzle com duas meninas pequenas que, pelo à-vontade, não pareceram estranhar nem a presença do socialista nem das câmaras.
Pedro Nuno também falou com moradores. Uma delas, Lucília Moreno, queixou-se das condições de trabalho, às quais só se sujeita porque o pouco que recebe "faz falta". Mas defendeu, com vigor, o bom-nome do bairro: "Aqui também há pessoas do bem, que trabalham. Eu trabalho!".
A comitiva esteve na associação CAZAmbujal, associação que promove festas, concertos e onde se pratica ballet infantil, capoeira ou kickboxing. As instalações estão decoradas com imagens de figuras como Nelson Mandela, a Madre Teresa de Calcutá ou... Cristiano Ronaldo. Junto à imagem do futebolista, lia-se a frase: "É difícil superar quem nunca desiste".
À tarde, entre o bairro do Zambujal e a ida a Oeiras, ainda houve tempo para uma visita ao bairro da Cova da Moura. Pedro Nuno esteve numa creche do Moinho da Juventude, uma associação que dinamiza a vida do bairro.