Pedro Nuno puxa pelos louros e ataca “velhos do Restelo” da Direita que nada fazem
O líder do PS realçou a sua capacidade de tomar decisões, frisando que "só erra quem faz" e acusando o PSD de representar um "vazio". Apontou à vitória em todas as eleições, menos nas legislativas. Puxou dos galões dos seus feitos no Governo, agradeceu a Costa e tentou mostrar que está mais maduro: "Cresci", disse.
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"Só erra quem faz ou tenta fazer, ao contrário daqueles que nada fazem e nada tentam. Esses posso garantir-vos que nunca erram", afirmou Pedro Nuno Santos, este sábado, no congresso do PS, em Lisboa. "Mas, porque nunca erram, nunca aprendem, nunca melhoram, nunca evoluem", acrescentou.
Pedro Nuno recapitulou os avanços dos últimos anos - nomeadamente o "inquestionável" investimento na ferrovia, área que ele próprio tutelou. De seguida, voltou ao ataque: "Sabem por que não nos queixávamos, durante os Governos PSD/CDS, dos atrasos nas obras, camaradas? Era porque não havia obras", atirou.
No entender de Pedro Nuno, o PS, ao contrário do PSD, nunca deixou de tomar decisões que beneficiaram o país. "Parar, recuar, desfazer será sempre muito mais fácil do que decidir, avançar, construir", resumiu, alegando que os partidos de Direita "nunca passarão de antigos e ultrapassados velhos do Restelo".
Aponta à vitória em tudo... menos nas legislativas
Pedro Nuno mostrou-se apostado em "ganhar as regionais [dos Açores], as europeias, as autárquicas e as presidenciais". No entanto, não mencionou as eleições legislativas, o que pode indiciar que fará uma nova geringonça mesmo que fique atrás do PSD no escrutínio de 10 de março.
Pedro Nuno continuou no mesmo registo, dizendo que, da última vez que esteve no poder, a Direita tomou decisões que ainda hoje a deixam "envergonhada". No entender do socialista, foi por isso que PSD e CDS foram agora "ao baú" recuperar o "projeto amarelecido" da Aliança Democrática, cuja primeira versão remonta a 1979.
O líder do PS sustentou que este "truque" visa "fazer esquecer" os cortes de rendimentos, o aumento do desemprego e a subida da dívida, ocorridos no período da troika. "Este é o legado recente do PSD e CDS. Este é o verdadeiro diabo que visitou os portugueses durante aqueles quatro terríveis anos", resumiu.
Pedro Nuno considerou que o líder do PSD, Luís Montenegro, nada mais tem a oferecer do que o "vazio", tanto em termos de projeto como de liderança, visão e credibilidade. Argumentou que o surgimento de Chega e IL visou, precisamente, colmatar essa circunstância, uma vez que "a política tem horror ao vazio".
Sobre o Chega, o líder do PS disse que o partido já defendeu "tudo e o seu contrário" e que quer "alimentar-se dos medos" para, depois, os "amplificar". Já a IL, frisou, é uma "agência de marketing” que esconde um projeto "egoísta e indiferente aos outros".
"A Direita é sempre igual: primeiro desregula, quando começa a correr mal atira as culpas para a esquerda e no final defende que o Estado subsidie o mercado privado", resumiu Pedro Nuno Santos.
"Nem tudo foi bem feito"
Pedro Nuno Santos também reconheceu que, ao fim de oito anos de governos do PS, persistem "problemas" em várias áreas da sociedade: admitiu que os salários são baixos e que a economia é ainda pouco sofisticada e pouco diversificada", mencionando ainda as falhas nos serviços públicos e na habitação.
"Sabemos assumir, com humildade, que nem tudo foi bem feito", sublinhou. No entanto, considerou que é o PS quem está "em melhores condições" para continuar a melhorar o país, realçando ainda que o projeto socialista é, por natureza, "inacabado".
O líder do partido também voltou a comprometer-se com a importância das "contas certas" - uma preocupação de sempre de Costa, que procurou tomar para si aquela que era uma bandeira do PSD. Pedro Nuno ressalvou contudo que, para o PS, "contas certas não significam cortes na certa".
PS apoiará candidato presidencial em 2026
Se, antes, Pedro Nuno era visto como um opositor interno do "costismo", agora não se cansa de elogiar o legado de António Costa. Arrancou o discurso sublinhando que, mais do que "virar a página da austeridade", o primeiro-ministro cessante escreveu "um novo capítulo na democracia".
Segundo Pedro Nuno Santos, Costa teve o mérito de provar que a estratégia do PSD era "errada": "Sim, foi e é possível subir salários e pensões e simultaneamente reduzir o défice e a dívida", argumentou.
Dizendo sentir "um enorme orgulho" em ter integrado os Governos liderados por Costa, Pedro Nuno procurou descolar da imagem de impulsividade que o acompanha: "[No Governo] cresci e valorizei-me como pessoa, amadureci como político, ganhei experiência", garantiu.
Pedro Nuno anunciou ainda que, em 2026, o partido "apoiará um candidato, como há muito tempo não faz". Disse que essa decisão honra "os melhores presidentes que Portugal já teve: Mário Soares e Jorge Sampaio".