Pedro Nuno segura autarca de Loures: não teve "bom momento" mas faz trabalho "excelente"
O líder do PS, Pedro Nuno Santos, segurou o presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão, após este ter concordado que as casas municipais devem ser retiradas a participantes em desacatos. Este "não foi um bom momento" mas o que interessa é "o trabalho contínuo", reagiu o secretário-geral socialista.
Corpo do artigo
De visita ao bairro do Zambujal, na Amadora - um dos locais onde houve tumultos em outubro -, Pedro Nuno começou por afirmar que todos os eleitos do PS, "sem exceção", respeitam a lei, a Constituição e estão comprometidos "com os princípios do respeito pelo outro, do humanismo e da empatia".
Questionado sobre se condena as declarações de Ricardo Leão, o líder socialista respondeu: "Todos nós, na nossa vida, temos momentos melhores e piores. Isso não nos define; o que nos define é o nosso contínuo, o trabalho ao longo do tempo".
No entender de Pedro Nuno Santos, "o trabalho que o PS e o presidente Ricardo Leão têm realizado em Loures é muito importante". Considerando que o autarca se tem pautado por "uma intervenção excelente do ponto de vista social, com apoio popular", insistiu: "É essa intervenção ao longo do tempo que o define".
Perante a insistência dos jornalistas sobre se concorda com o facto de Leão ter votado a favor de uma moção do Chega que recomendava a retirada das casas, Pedro Nuno reconheceu que, "obviamente, este não foi um bom momento". Deixou, contudo, uma farpa ao maior partido que suporta o Governo: "Quase ninguém se choca com o facto de o PS também ter viabilizado a moção, provavelmente porque acham normal".
O líder do PS disse ter falado com o presidente da Câmara de Loures "várias vezes ao longo dos últimos dias". Lembrou ainda que, "logo no dia seguinte" à polémica, Leão sentiu necessidade de "clarificar" a sua posição, emitindo um comunicado.
Nessa nota, recorde-se, esclarecia que só defende despejos nos casos em que já tenha havido condenações. O caso tem gerado incómodo no PS, com a líder parlamentar, Alexandra Leitão, a distanciar-se publicamente da posição de Ricardo Leão.
Ministra da Administração Interna revela "inaptidão" e responsabilidade é de Montenegro
Sobre a sua visita ao bairro do Zambujal - esta segunda-feira vai ainda à Cova da Moura e a um bairro do concelho de Oeiras -, Pedro Nuno salientou a importância de o Estado não se limitar a uma resposta "securitária e repressiva", apostando também em políticas de prevenção. Lamentou que o atual Governo tenha posto fim ao projeto "Bairros Saudáveis": "A intermitência paga-se", avisou.
Questionado sobre se considera que o Estado está a fazer tudo o que pode para melhorar o enquadramento destes bairros, o socialista respondeu: "Não, não está". Ressalvou, contudo, que a responsabilidade não é "deste Governo em particular", sustentando ainda que é "superficial" culpar exclusivamente quer a polícia quer os moradores pelo deflagrar dos tumultos.
Pedro Nuno Santos voltou depois às críticas ao atual Executivo: disse não estar surpreendido que o primeiro-ministro não visite os bairros e considerou mesmo que isso "já é um padrão", lembrando que Luís Montenegro visitou as áreas afetadas pelos incêndios do Verão depois de ele próprio o ter feito.
Sobre um dos temas do dia, o facto de o Governo se ter demarcado da posição da ministra da Administração Interna - que admitira o direito à greve nas polícias -, o líder do PS considerou que Margarida Blasco já provou, "em diferentes momentos, a sua inaptidão para as funções". Acrescentou que as mudanças de posição do Executivo a respeito do tema são "inaceitáveis".
O socialista sustentou ainda que o problema de Margarida Blasco vai para lá da questão comunicacional e procurou responsabilizar Montenegro por a manter no cargo: "Ao fim de algum tempo, o problema já não é da ministra, mas sim do primeiro-ministro", argumentou.