Portugal com 41,4 óbitos por um milhão de habitantes, mas letalidade começou a descer. Depois de alavancar subida, a região Norte regista uma quebra de 10%.
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Na passada quinta-feira, e pelo segundo dia consecutivo, a média a sete dias de novos casos caiu. O R iniciou também uma descida consistente e está agora muito perto de 1. A mortalidade continua elevada, com 41,4 óbitos por um milhão de habitantes a 14 dias, o dobro do limiar recomendado pelos peritos. Contudo, a letalidade inverteu a tendência de subida. O que leva os especialistas a considerarem, como o Governo admitiu nesta semana, que o pico desta sexta vaga já passou.
De acordo com os cálculos do matemático Óscar Felgueiras facultados ao JN, a 26 de maio Portugal registava uma média de 25 883 casos diários, menos 4% face à semana anterior. E na medida em que o Norte alavancou esta sexta onda, impulsiona agora a descida, com uma quebra de 10% nas novas infeções diárias. Acompanhado pelo Centro (-15%) e Alentejo (-8%). Lisboa e Vale do Tejo continua em subida, mas menos expressiva (+14%).
Olhando às faixas etárias, depois do aumento acentuado nos 10-29 anos, que estão agora em queda, a subida concentra-se nos mais de 60 anos, que chega aos +17% nos maiores de 80. O que poderia significar que, na medida em que a larga maioria dos óbitos ocorre nas faixas superiores, a mortalidade continuaria com tendência crescente.
Mas os números mostram uma leitura diferente, uma vez que a letalidade está a descer, explica o professor da Universidade do Porto. "Como tivemos recentemente uma descida significativa na letalidade, esta diminuição vai fazer antecipar o pico nos óbitos". A 15 de maio, prossegue, a letalidade nos mais de 80 anos estava nos 3,16% (proporção de óbitos sobre casos) e agora baixou para os 2,37%. Atualmente, contam-se 41,4 óbitos por um milhão.
Na mesma linha, o matemático Carlos Antunes adianta ao JN que os óbitos "denotam já uma desaceleração, indiciando uma proximidade do pico". Que, admite, poderá ocorrer na próxima semana, tal como para os internamentos, que estão ainda a subir mas com sinais de desaceleração.
R perto de 1
A descer está também o R, que nos diz o grau de transmissibilidade do vírus. A modulação do matemático Carlos Antunes colocava-o, anteontem, nos 1,01. Analisando os dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, nesta onda atingiu o seu máximo no dia 11, chegando aos 1,26.
Perante estes dados, o professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa estima que o pico tenha "ocorrido no dia 19, como ponto máximo da média de casos a sete dias", na altura de 28 240. Resta agora saber qual o ritmo da descida, admitindo Carlos Antunes que, tal como aconteceu em março, possa ser lento.
Pormenores
Quase 190 mil casos
A Direção-Geral da Saúde (DGS) registou 188 970 novos casos de covid-19, uma subida de quase 20% face à semana anterior. O grupo etário entre os 40 e os 49 anos é o que tem a incidência cumulativa mais elevada (2 122 casos) de 7 dias por 100 mil habitantes.
Ocupação em UCI
O número de doentes internados nas unidades de cuidados intensivos (UCI) apresenta uma "tendência crescente": a 23 de maio, 99 pessoas precisavam de cuidados urgentes.
Mortes a subir
A mortalidade específica por covid-19 situa-se nos 41,0 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes. De acordo com o relatório semanal da DGS, registaram-se 230 óbitos, mais 38 do que na semana anterior.