O vice-presidente da Câmara de Cascais e ex-candidato à liderança do PSD, Miguel Pinto Luz, considera que a saída de Passos Coelho da liderança do PSD gerou uma "orfandade" que a Direita ainda não superou. A corrida "estéril" que Rui Rio fez "rumo ao Centro" tornou o partido "um clone" do PS, referiu.
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"Hoje estamos a falar de convergência simplesmente porque Pedro Passos Coelho deixou de ser líder do PSD", afirmou Pinto Luz na convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL), em Lisboa. O painel em que discursou, esta terça-feira - e ao qual Passos Coelho assistiu - abordava a questão da convergência "à Direita e ao Centro".
Para o autarca, a "orfandade" que ainda persiste nasceu "quando o PSD foi incapaz de dar soluções" às várias sensibilidades do lado direito do espetro político. "Há três anos, esta convenção - e este debate em particular - teriam sido absolutamente desnecessários", reforçou.
Pinto Luz afirmou que o PSD se tem "abstido" de marcar a agenda política do país, andando sempre "a reboque" do Governo e da Esquerda. "Dizer que se vai para o Centro, como Rui Rio fez há três anos, não atrai nem a Esquerda nem o Centro", realçou.
A "corrida estéril e artificial rumo ao Centro", insistiu o autarca, fez com que os sociais-democratas se tenham tornado "quase um clone do PS". Pinto Luz pede que a Direita volte a conseguir falar "para a classe média, que está a desaparecer", bem como para os grandes centros urbanos. Só assim, considerou, será possível voltar a limitar o espaço de outros partidos.
Rio sairá "em breve"?
Uma das causas que Pinto Luz aponta para a indefinição que se vive à Direita é a "falta de liderança" do PSD. O autarca - que, em 2019, concorreu à liderança do partido, perdendo contra Rio - entende que o atual presidente laranja seria "muito melhor primeiro-ministro do que António Costa", mas "não tem adesão popular". Esse problema será resolvido "em breve" pela democracia interna do PSD, acredita.
O vice-presidente da Câmara de Cascais também falou sobre o Chega, que considerou ser um "partido de protesto" que tem "um líder carismático" mas "poucas ideias" para o país. Sempre que se discute o Orçamento do Estado, Ventura e o partido que dirige "desaparecem completamente do espaço mediático", sublinhou.
Pinto Luz vincou ainda que a força do Chega vem da "ausência de alternativas", para a qual a Direita também contribuiu. No entanto, insistiu que vê pouca substância no partido de Ventura para lá das "polémicas" e do "discurso de choque".