A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) criaram uma plataforma onde qualquer pessoa pode notificar a morte de um animal selvagem. O objetivo é ajudar à deteção precoce de doenças.
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O registo da mortalidade de animais selvagens, quer sejam mamíferos, aves, répteis, anfíbios ou peixes, poderá ser feito através da plataforma "Animas", através do telemóvel, tablet ou computador. Um dos objetivos é conseguir a deteção precoce de doenças, como a gripe aviária ou a peste suína.
A "presença de pessoas nos espaços naturais faz com que seja possível recolher informação sobre mortandade de indivíduos de várias espécies selvagens, que pode ocorrer não apenas por razões naturais, mas também pelo facto de estarem sujeitas a doenças ou outro tipo de circunstâncias que precisam de ser avaliadas", refere Nuno Banza, presidente do ICNF no vídeo de apresentação da plataforma. Assim, a população poderá "ajudar a que as autoridades possam ter uma intervenção precoce e evitar que essa mortandade tenha impactos significativos", disse.
Susana Guedes Pombo, diretora-geral de Alimentação e Veterinária, dá como exemplo de doenças de evolução aguda que podem aparecer nos animais que estão em espaços naturais a gripe aviária, que recentemente assolou o nosso país, ou mesmo a peste suína africana em javalis. O registo dos valores de mortalidade permite que as autoridades competentes tenham conhecimento de um aumento das mortes dos animais, o que poderá facilitar a "deteção precoce da doença" e o desenho e implementação de "adequadas políticas de controlo", conclui.
Limiares de alerta
As autoridades poderão "estabelecer valores base de mortalidade e limiares de alerta para as várias espécies, avaliar e identificar a necessidade de proceder à colheita de amostras nos animais mortos, permitir a remoção e eliminação dos cadáveres de forma mais rápida e eficiente e aplicar medidas de controlo adequadas e atempadas", lê-se no comunicado do ICNF.
Todos os indivíduos podem efetuar o registo de uma morte de um animal, quer sejam "médicos veterinários, agentes do SEPNA, guardas florestais, vigilantes da natureza, caçadores, gestores de zona de caça, pescadores, investigadores e público em geral".
Antes de reportar a morte de um animal selvagem, o utilizador tem de efetuar um registo de conta na plataforma "Animas". É necessário que se tire uma fotografia do cadáver no local onde este se encontra, o que permitirá que quem recebe os dados tenha acesso às coordenadas geográficas.
Seguidamente, o utilizador preenche um formulário, indicando a espécie, sexo e classe etária. É ainda possível indicar o estado do cadáver e a existência de outros cadáveres da mesma espécie no local. Os registos realizados e fotografias ficam disponíveis para consulta na plataforma. Todas as ocorrências registadas em tempo real também podem ser acompanhadas no mapa de ocorrências.