Poiares Maduro considera que Costa daria um "bom presidente do Conselho Europeu"
O antigo ministro social-democrata Miguel Poiares Maduro defendeu que António Costa tem características que fariam dele "um bom presidente do Conselho Europeu" e que o apoio a uma candidatura de um português é do interesse nacional.
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"Tudo aquilo que o país puder fazer para apoiar a candidatura de um português que venha a ser presidente do Conselho é do interesse do nosso país", defendeu Miguel Poiares Maduro no programa da Rádio Renascença "Da Capa à Contracapa".
O antigo ministro no Governo de Pedro Passos Coelho, professor universitário e especialista em Direito Comunitário, frisou que "discorda politicamente" do ex-primeiro-ministro socialista, mas considera que "tem o tipo de qualidades que fariam dele, provavelmente, um bom presidente do Conselho".
"A gestão de muito curto prazo, do imediato - e que me leva a criticá-lo como primeiro-ministro - é o tipo de qualidades políticas que, provavelmente, fariam dele um bom presidente do Conselho, capaz de gerar compromissos, de falar com todo se de conseguir encontrar acordos", argumentou.
Poiares Maduro acrescenta que a eventual nomeação de Costa traria mais portugueses em cargos relevantes em Bruxelas.
"Quando Durão Barroso foi presidente da Comissão Europeia, a subida de funcionários portugueses nos diferentes níveis das direções-gerais da Comissão e dos gabinetes foi significativa. Todos os Comissários tinham um português nos gabinetes", afirmou.
No mesmo programa da emissora católica portuguesa, o socialista António Vitorino, apoia a nomeação de António Costa como sendo do interesse nacional: "Assim saibamos também aproveitar essa alavancagem que resulta dessa presença".
Na sexta-feira, em entrevista à CNN Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, defendeu discrição sobre esta matéria, adiantando que Governo português não se vai opor à possibilidade de António Costa vir a ocupar um cargo nas instituições da União Europeia.
"Se a questão se puser e quando se puser - essa questão só se vai pôr a seguir às eleições europeias -, eu não tenho dúvidas que o Governo português tomará uma posição sobre isso, e com certeza que não será uma posição negativa", afirmou Paulo Rangel.
Para Paulo Rangel, contudo, com o objetivo de ter "uma posição vencedora", há que ser cauteloso e prudente: "Quem entra Papa, sai cardeal", avisou.
"Em defesa da posição de Portugal e quem conhece bem os meandros europeus -- e eu conheço -- sabe que discrição é fundamental. E portanto, como eu estou ao serviço dos interesses de Portugal, defendo discrição, nesta como noutras matérias", sustentou.
Na segunda-feira, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, assegurou que fará o que estiver ao seu alcance para que António Costa assuma um cargo europeu e pediu uma "ação pró-ativa" ao Governo para permitir um ganho para a Europa e Portugal.
"Ouvi do ministro dos Negócios Estrangeiros [Paulo Rangel] de que não teria uma apreciação negativa. Eu gostava que tivesse mais do que isso: que tivesse não só uma apreciação positiva como uma ação pró-ativa", apelou, numa entrevista à TVI/CNN, recordando que o "próprio PS já tinha apoiado Durão Barroso".