Pela primeira vez na última década, o número de pessoas a viver em Portugal aumentou. Em 2019, o país tinha mais quase 20 mil habitantes. Não porque as mulheres tenham tido mais filhos, mas porque mais imigrantes escolheram viver no país.
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No deve e haver da população residente em Portugal, do Instituto Nacional de Estatística (INE), são os cidadãos estrangeiros quem trava a descida sustentada do número de habitantes. No ano passado, quase 73 mil estrangeiros mudaram-se para terras lusas, quase o dobro dos que o fizeram no ano anterior.
Se a imigração aumentou, a emigração diminuiu. No ano passado, menos portugueses fizeram as malas e foram viver para estrangeiro, de forma permanente (28 mil). O saldo migratório é, por isso, positivo em mais de 44 mil pessoas, a que corresponde uma taxa de crescimento migratório positiva, de 0,43%.
Gerações por substituir
O saldo positivo de migração mais do que compensa o saldo natural negativo. Em 2019, o número de crianças nascidas no país voltou a diminuir, depois de ter subido no ano anterior. Aliás, depois de terem nascido menos bebés durante o tempo do resgate financeiro, nos últimos anos não existe uma tendência clara: houve mais nascimentos em 2015, 2016 e 2018. Em 2017 e 2019, diminuíram. No ano passado, houve menos de 87 mil bebés nascidos de mães residentes em Portugal.
O índice sintético de fecundidade, que mede o número médio de crianças nascidas por mulher em idade fértil, subiu ligeiramente (para 1,42), mas continua muito abaixo do que seria necessário para garantir que nascem crianças suficientes para manter o nível da população. Nos países mais desenvolvidos, com uma baixa mortalidade infantil, considera-se que cada mulher tem de ter 2,1 crianças para conseguir a substituição de gerações (dois filhos que, um dia, vão substituir os dois progenitores).
Uma questão de idade
Se, por um lado, nascem menos crianças, por outro os idosos vivem mais anos. A mulheres têm o primeiro filho quase aos 30 anos, dois anos mais tarde do que há uma década. E metade dos portugueses tem mais do que 45,5 anos. Por cada cem jovens, havia 163,2 idosos - 206, no Alentejo.
A longevidade nota-se na esperança de vida: em média, as mulheres que nasceram agora poderão viver além dos 83 anos, mas os homens não chegarão aos 78. A média é de 80,9 anos.
Só Lisboa tem saldo natural positivo
Lisboa é a única região com um saldo natural positivo, ou seja, em que nasceram mais pessoas do que as que morreram. Na média do país, o saldo foi negativo (0,25%) - com o Centro a ter o pior resultado. Quanto ao número de filhos, o número é mais alto no Algarve, onde cada mulher teve 1,76 crianças.
Todas as regiões com mais imigrantes
Lisboa está em primeiro lugar, mas todas as regiões do país receberam mais cidadãos estrangeiros.
Mais rapazes mas menos homens
Nascem mais rapazes do que raparigas, mas a vantagem perde-se ao longo da vida: acima dos 80 anos, elas são o dobro.