O grau de informação que a população portuguesa tem sobre matérias relacionadas com Defesa Nacional e Forças Armadas continua a ser pouco satisfatório, mas, ao mesmo tempo, os cidadãos revelam ter confiança nesta instituição, concluiu um estudo apresentado esta quarta-feira pelo Instituto da Defesa Nacional (IDN).
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"A maior parte dos resultados vem confirmar as tendências que já tinha detetado em 2009. Há uma continuidade clara em vários aspetos", salientou, ao JN, Helena Carreiras, que dirige o IDN e coordenou, há 12 anos, o projeto "As Forças Armadas Portuguesas após a Guerra Fria", o qual, entre outros objetivos, também procurava analisar a relação das FA com a sociedade.
"Continuamos a confirmar uma tendência para o desconhecimento. Ou seja, as pessoas sentem que não conhecem bem as Forças Armadas, consideram que o seu grau de conhecimento é baixo, e isto já havíamos detetado em 2009", recorda a investigadora, reconhecendo que "há uma necessidade de colmatar esta lacuna de informação".
"Os resultados obtidos mostram que o grau médio de informação detida sobre as Forças Armadas é baixo, sendo que quase 31% dos inquiridos se situam no quadrante inferior da escala, representativo de baixa informação, ao qual se poderão acrescentar os cerca de 40% que assumiram uma posição intermédia nesta questão", refere o "Inquérito à população portuguesa sobre Defesa Nacional e Forças Armadas", que contou com uma amostra de 1509 pessoas e resultou de um protocolo de colaboração entre a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, Instituto da Defesa Nacional, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Instituto de Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa.
O nível de informação dos cidadãos demonstrado no inquérito "revela um problema grave", alertou, preocupado, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro, que esteve presente no IDN.
Pandemia deu visibilidade
Por outro lado, o estudo agora desenvolvido aponta para o facto de a população portuguesa ter "uma atitude positiva face às Forças Armadas e à sua necessidade, e um elevado grau de confiança" na instituição, salienta Helena Carreiras, referindo ainda que "os portugueses consideram que as Forças Armadas conferem prestígio internacional ao país e cumprem eficazmente as suas missões".
"Quando inquiridos sobre a necessidade de existência das Forças Armadas, 70% consideram-nas muito necessárias, sendo residual a percentagem dos que as julgam desnecessárias e, portanto, passíveis de serem extintas", indica o inquérito, referindo também que "a medição do grau de confiança mostrou que a população portuguesa deposita elevados níveis de confiança nas Forças Armadas".
"O estudo demonstra que há uma ampla concordância com todas as missões que as Forças Armadas desempenham, com números próximos ou superiores a 90%", destacou
o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, no encerramento da apresentação, aludindo às várias missões desempenhadas pelos militares além da defesa do território, como a "resposta a emergências, a ajuda humanitária no exterior, o apoio à população civil ou as operações de paz no exterior", algumas das quais tornadas visíveis com a pandemia.
"A pandemia deu maior visibilidade ao trabalho das Forças Armadas em vários planos, e no inquérito sente-se um pouco essa maior apreciação", aponta a investigadora Helena Carreiras, admitindo que os estudos desta natureza "são sempre influenciados pelo contexto em que se realizam". Neste caso, os dados foram recolhidos entre janeiro e fevereiro deste ano, durante o pico da pandemia.