
A relação entre morte e sociedade é complexa e, muitas vezes, culturalmente condicionada
Foto: Everything Bagel
Conversar sobre a morte devia ser natural. Da morte dos nossos, dos outros, da nossa morte. Mas ainda temos barreiras culturais e sociais que nos impedem de desenvolver competências emocionais que nos ajudam a passar pelos momentos difíceis da finitude humana com serenidade.
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Quando a mãe lhes morreu, há 17 anos, viram-se perante a primeira grande perda das suas vidas. Quatro irmãos. Personalidades distintas. Mónica, a mais velha, à época com 30 anos, nunca fez um esforço para frear a dor. Tudo acontecia de forma inconsciente. Falava com todos sobre o tema. Chorava. Chorava quando tinha vontade, quando as memórias lhe vinham à cabeça, quando tinha saudades. Escrevia na sua página de Facebook. “Eu estava a passar por aquele sofrimento e precisava de falar sobre isso.” E, mesmo sem ter noção na altura, hoje sabe que deitar tudo cá para fora, e encontrar acolhimento e consolo em quem a rodeava, foi o que mais a ajudou. A partilha permitiu a troca de experiências. “Ia encontrando pessoas que também passaram por perdas e que me diziam como as tinham superado. Havia empatia, diziam-me ‘estou contigo’.” Hoje, ainda chora se fala da mãe, mas essa morte já não lhe provoca uma angústia tão grande. “Fui falando e fazendo o luto.”
