<br/> Uma empresa nórdica avaliou os principais itens de qualidade de vida em 50 grandes centros urbanos da Europa e concluiu que a Invicta ganha aos pontos a referências como Paris ou Barcelona. O segredo está em pequenos pormenores que fazem toda a diferença. Lisboa aparece em terceiro lugar.
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O Porto é a melhor cidade da Europa para viver em família. A sentença é da empresa norueguesa Sumo Finans, que estudou um total de 50 grandes e médias urbes europeias e tirou-lhes a radiografia das fraquezas e pontos fortes. Na contabilidade final, feita a avaliação de todos os pontos, o Porto ocupa o topo da classificação média, à frente de Barcelona (Espanha) e de Lisboa, que ficou num também honroso terceiro lugar. No "top ten" figuram ainda Tallinn (Estónia), Paris (França), Atenas (Grécia), Varsóvia (Polónia), Liubliana (Eslovénia), Bordéus (França) e Turku (Finlândia). Os últimos lugares foram para Amesterdão (Holanda), Berna (Suíça) e Londres (Reino Unido).
Ao todo, a Sumo Finans ponderou um conjunto de oito itens considerados essenciais para aferir a qualidade de vida proporcionada às famílias residentes em cidades: segurança, custo de vida, despesas com educação, gastos em habitação, atrações para crianças, parques e natureza, índices educacionais e opções para ocupação de tempos livres (ver infografia). Os critérios, referiu a empresa nórdica, basearam-se na consulta e análise de várias publicações e estatísticas internacionais em fontes como a Phenomenal Globe, o Kinder Travel Guide ou o Índice Global para a Paz, além de outras referências tão díspares como a TripAdvisor ou a OCDE.
Foi precisamente o equilíbrio de todos os fatores em equação no estudo que permitiu ao Porto destacar-se pela positiva. Conhecedor profundo das dinâmicas específicas da cidade, o geógrafo e professor universitário Rio Fernandes acredita que as conclusões extraídas do dossiê da Sumo Finans traduzem quase fielmente o que é o Porto na atualidade, mau grado os eventuais recuos provocados pela pandemia de covid-19.
O Porto tem um baixo custo de vida à escala europeia, a habitação ainda não é tão cara como noutras paragens, os parques verdes têm-se multiplicado ou vão multiplicar-se a breve trecho
"O Porto tem um baixo custo de vida à escala europeia, a habitação ainda não é tão cara como noutras paragens, os parques verdes têm-se multiplicado ou vão multiplicar-se a breve trecho. Há uma combinação de elementos que faz com que o Porto seja apelativo. Mais apelativo, até, do que outras cidades que conseguem oferecer mais bem-estar embora a preços proibitivos", considera o especialista. "Existe uma política interessante do ponto de vista do reforço dos espaços públicos e de lazer que é meritória", acrescenta.
Paula Teles, engenheira perita em mobilidade do território e presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, sublinha outros pontos que conferem à Invicta vantagens dificilmente igualáveis por outros grandes centros urbanos europeus. "Um deles é a segurança. O Porto apresenta baixos índices de mobilidade, é seguríssimo andar a pé na cidade. Outra questão tem que ver com a pressão urbanística, longe de ser tão intensa como em muitas das cidades referidas no estudo. E também não podemos esquecer a intermodalidade dos transportes públicos, a oferta de equipamentos desportivos e culturais e a qualidade de ensino, sobretudo do ensino universitário", aponta.
O Porto é diferente e singular. É uma cidade com uma boa rede de transportes, segura e não muito grande, ao ponto de muitas deslocações poderem ser feitas a pé
Os retratos de Rio Fernandes e Paula Teles encaixam perfeitos nas razões que levaram o casal John Fitzgerald e Nancy, ele irlandês, ela norte-americana, a optarem por deixar a confusão de Londres para se instalarem no Porto, em 2017. Apaixonaram-se por Portugal, em particular pela cidade Invicta, onde residem na zona histórica das Fontainhas. "Estava cansado de Londres. É tudo muito confuso, o custo de vida é altíssimo, os gastos são imensos e a qualidade de vida, no geral, má", assinala John, agente musical, 50 anos, que trabalha desde casa, tal como Nancy, professora de inglês.
"O Porto é diferente e singular. É verdade que os salários são mais baixos mas os preços em geral também o são. Além de que é uma cidade com uma boa rede de transportes, segura e não muito grande, ao ponto de muitas deslocações poderem ser feitas a pé", sublinha. "Vivo mais relaxado, como melhor porque a comida é fantástica, o tempo é ótimo todo o ano e tenho muito menos despesas do que alguma vez tive", resume John Fitzgerald, homem do Mundo que viu no Porto o centro do seu universo particular, marca que lhe ficou tão forte que não hesita garantir que "morar noutra cidade nunca mais."
Essa cidade que superou outras tantas associadas a qualidade de vida acima da média Europa fora. E que tem no futuro um desafio maior: "Há que continuar a apostar na melhoria da qualidade ambiental e manter os níveis de segurança. Se tal acontecer, não tenho dúvidas de que o Porto irá continuar a manter altos níveis de atratibilidade", confia Paula Teles.