Daqui a dez anos, o Porto deverá contar com duas linhas ferroviárias novas para chegar mais depressa a Vigo e a Lisboa. Os projetos constam da versão atualizada do Programa Nacional de Investimentos para 2030 (PNI2030) ontem apresentada pelo Governo, em Lisboa.
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A ligação a Vigo, orçada em 900 milhões de euros, suscitou reações imediatas, com o presidente do Conselho Regional do Norte e autarca de Caminha, Miguel Alves, a considerar tratar-se de uma obra "primordial", uma vez que "vai ter a possibilidade de fazer em "v" a ligação também a Braga".
O autarca de Valongo, José Manuel Ribeiro, salientou a importância de a nova solução ficar ligada ao aeroporto do Porto, modernizando a Linha de Leixões, que na sua extensão para norte passa em Ermesinde, naquele concelho.
A aposta do Governo na ferrovia é expressiva ao ponto de o orçamento ter mais do que duplicado em quase dois anos. O Governo prevê investir 10,510 mil milhões de euros na próxima década, quando na proposta inicial, de janeiro do ano passado, prevista 4,040 mil milhões.
Só a nova linha Porto-Lisboa vai custar 4,5 mil milhões, mais do que todo o orçamento inicialmente planeado para o caminho de ferro. As duas principais cidades, daqui a dez anos, deverão ficar à distância de 1.15 horas em vez das atuais 2.58 horas.
Novos comboios
A primeira versão do PNI2030 apenas contemplava a quadruplicação de quatro troços ferroviários na linha do Norte: Cacia/Gaia, Soure/Coimbra, Santarém/Entroncamento e Alverca/Azambuja.
A compra de novos comboios foi acrescentada à lista, num total de 129, com possibilidade de se comprar mais 50. Serão adquiridos pelo menos 62 comboios para as linhas suburbanas de Lisboa e Porto. O valor de 680 milhões prevê a possibilidade de acrescentar mais 36 unidades.
Ao serviço regional vão juntar-se 55 unidades elétricas, para substituir a atual série 2240, com mais de 50 anos de serviço. Com chegada prevista a partir de 2025, estes comboios vão custar 385 milhões de euros.
Para tirar partido das novas linhas, serão comprados, no mínimo, 12 comboios de longo curso de alto desempenho. Por 650 milhões, poderão ser compradas ainda mais 14 unidades da categoria Alfa Pendular.
A vinda de comboios adicionais está condicionada à existência de financiamento europeu.
A eletrificação da restante rede ferroviária até 2030 passou a estar orçada em 740 milhões de euros; anteriormente, havia uma "fatia" de 205 milhões.
O plano para as linhas de comboio também prevê a ligação da linha de Cascais à restante rede nacional.
Há ainda 450 milhões para melhor a segurança na linha (+75 milhões). Serão suprimidas 155 passagens de nível e automatizadas 79.