A Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) quer ser autossuficiente em energia elétrica e neutra em emissões de gases até 2035, tencionando investir num centro produtor com recurso às ondas do mar e em parques eólico e solar fotovoltaico.
Corpo do artigo
A unidade de energia das ondas, com recurso a dezenas de flutuadores amarrados ao molhe norte da foz do Douro, cuja agitação acionará a geração de energia elétrica, visa uma potência instalada de um a cinco megawatt (MW), podendo produzir 15 gigawatt-hora (GWh) de energia por ano.
Segundo o presidente da APDL, Nuno Araújo, o investimento de três milhões a 15 milhões de euros deverá alavancar o objetivo da neutralidade carbónica das instalações e operações portuárias, incluindo o fornecimento aos navios atracados, eliminando o atual recurso a geradores a diesel.
O que é ainda "uma ideia" - e não um projeto concreto - antecipa já críticas aos impactes na paisagem da embocadura do estuário do rio Douro e na memória cultural das gentes ribeirinhas, como salientaram arquitetos presentes, ontem, na primeira sessão de esclarecimento promovida pela APDL.
Em causa está o impacte visual dos flutuadores e equipamentos de transformação da energia, tendo em conta as simulações da "ideia" apresentada pela empresa sueca Eco Wave Power (EWP), que já tem autorizada uma ligação a uma unidade de 1 MW.
Discussão preliminar
O plano de dotar a APDL de um "mix" de energias renováveis a partir das ondas, do vento e do sol para atingir a neutralidade carbónica até 2050 - objetivo agora antecipado em 15 anos - já tem três anos, no âmbito de um concurso internacional aberto pelo Estado, no qual os portos portugueses participaram.
A EWP é uma empresa que apareceu a propor uma solução tecnológica, mas a APDL abriu em 14 de fevereiro uma consulta pública, para que outras se apresentem com propostas, disse Nuno Araújo.
O que a administração portuária está já a fazer "é um processo de discussão muito preliminar, ouvindo a população e todos os interessados", antes de qualquer processo de estudo de impactos, consulta pública e licenciamento.
A APDL está ainda a estudar a instalação de aerogeradores na zona do porto de Leixões, com o objetivo de produzir energia eólica. Seguem-se estudos de superfícies para a instalação de painéis solares.
Além do autoconsumo para as atividades portuárias correntes, a APDL, necessita de energia limpa para o seu projeto de produção de hidrogénio verde, combustível alternativo ao diesel para os rebocadores.